Especialistas dão dicas de hábitos rotineiros para consumo consciente em prol do meio ambiente

Adoção de simples atitudes tem o poder de fazer a diferença não só na questão ambiental, como para a sociedade em geral

Por: Thiago D'Almeida  -  18/06/21  -  10:18
   Especialistas citam hábitos rotineiros que podem auxiliar a conservação do meio ambiente
Especialistas citam hábitos rotineiros que podem auxiliar a conservação do meio ambiente   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Mais do que falar sobre consumo consciente, é preciso debater e arregaçar as mangas para agir. Esse é um mantra dito e repetido por especialistas em meio ambiente e sustentabilidade ouvidos por A Tribuna sobre o modelo de consumo cada vez mais valorizado e que causa o menor impacto possível à natureza. Eles entendem que a adoção de simples atitudes tem o poder de fazer a diferença não só na questão ambiental, como para a sociedade em geral.


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O primeiro desafio é entender o conceito de consumo consciente. De acordo com o coordenador de comunicação do Instituto Akatu, Felipe Seffrin, de 34 anos, trata-se do consumo com o melhor impacto, ou seja, sem excessos ou desperdícios, tentando garantir, assim, que “haja o suficiente para todos e para sempre”.


“Consumo consciente não significa deixar de consumir, mas sim agir de forma consciente sobre o poder positivo e negativo de nossas escolhas como consumidores”, explica o especialista.


Considerado referência nacional no assunto e com mais de duas décadas de trabalho intenso na área, o Instituto Akatu dedica seus esforços à "sensibilização e conscientização da sociedade pelo consumo consciente”, segundo palavras de Seffrin.


Dados levantados pela organização apontam que, em um ano, a população mundial consome 60% mais recursos naturais do que o planeta é capaz de se regenerar. Além disso, a cada ano, mais de 70 milhões de pessoas entram no mercado de consumo global.


O coordenador do Akatu frisa que o consumo consciente precisa estar em vigor durante todo o processo. “Na hora de comprar e usar o produto e também no momento do descarte. Se prefiro o produto de uma empresa que não tem compromissos socioambientais, também sou responsável (pelo desgaste da natureza)”.


Seffrin também deu uma espécie de “passo a passo” para agirmos de maneira sustentável, e o guia se baseia em 6 simples questionamentos:


  1. Por que comprar? É necessário fazer um autoquestionamento para identificar a necessidade (ou falta dela) no ato da compra.
  2. O que comprar? Vale verificar os atributos de produtos que são mais sustentáveis.
  3. Como comprar? A forma de deslocamento até o local da compra também entra no circuito sustentável.
  4. De quem comprar? Importante identificar a reputação do(a) vendedor(a), seja um(a) produtor(a) orgânico(a) ou uma grande empresa.
  5. Como usar? O Instituto Akatu indica para o consumidor que o produto seja utilizado pelo máximo de tempo possível. Desta forma, consertar determinados produtos torna-se uma opção melhor do que a compra de novos.
  6. Como descartar? O 'desapego’ finaliza os questionamentos, mas, para isso, vale a reflexão a respeito da forma de descarte, ou seja, possibilidade de reaproveitamento por outra pessoa através de doações, por exemplo. A reciclagem também pode entrar na conversa neste momento.

Equilíbrio sustentável


O coordenador dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Elias Salim Haddad Filho, frisa que a conscientização e as atitudes visando o cuidado com a “nossa casa”, como classifica o planeta Terra, são essenciais para que possamos caminhar em direção ao equilíbrio sustentável. Mas, por si só, elas não bastam e chegou a hora de agir.


“É importante que as discussões sejam cada vez mais aprofundadas e que medidas sejam tomadas efetivamente. Discutimos as questões há muito tempo. Anos atrás, houve o Acordo de Paris (em vigor desde 2016) discutindo essas questões, mas avançamos em ritmo de tartaruga, já que os interesses são muito grandes”.


Haddad Filho destaca que o ecossistema tem dado sinais de efeitos colaterais há bastante tempo. "Os dados e as informações estão aí, mas precisamos parar de discutir e começar a fazer”.


Para isso, segundo o professor, algumas atitudes podem ser tomadas em nosso dia a dia e é necessário ter uma visão sistêmica, olhando com atenção para o que acontece ao redor.


“Hoje, você pode arquivar contas pagas. Quando você faz um pagamento pelo site ou aplicativo do banco, ele a guarda por 10 anos, não é preciso mais imprimir. Caso um dia você precise, pode solicitá-la diretamente. Não é mais necessário gastar papel e tinta. Existe toda uma cadeia produtiva por trás disso”.


Outra mudança prática de postura envolve os deslocamentos. “Fazer alguns percursos próximos a pé, bicicleta ou transporte coletivo, para que você jogue menos gases produzidos pelos combustíveis fósseis na atmosfera, também é uma opção".


Por fim, Haddad Filho convida o leitor a fazer uma reflexão na hora de comprar um determinado produto. Dessa forma, é possível entender se a pessoa, realmente, precisa dele. "Vale estabelecer no seu processo de escolha de compra um parâmetro com as marcas que têm um propósito que valorize as boas práticas”.


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