Seis meses de descaso do governo com IML de Santos

Totalmente sucateado, o local está fechado desde março. Já são seis meses sem respostas e sem atendimento à população santista, que precisa se deslocar até o IML da Praia Grande para ter acesso a serviços

Por: Tenente Coimbra  -  22/09/20  -  09:31
IML de Santos, no Saboó, foi fechado após as chuvas de março
IML de Santos, no Saboó, foi fechado após as chuvas de março   Foto: Arquivo/Matheus Tagé/AT

A cidade de Santos continua sofrendo com o descaso do Governo do Estado em relação ao Instituto Médico Legal (IML). Totalmente sucateado, o local está fechado desde março. Já são seis meses sem respostas e sem atendimento à população santista, que precisa se deslocar até o IML da Praia Grande para ter acesso a serviços como o exame de corpo de delito ou a autópsia de um falecido.


Não bastassem as portas fechadas, devido às fortes chuvas que atingiram a Baixada Santista no início do ano e agravaram os problemas estruturais pré-existentes, o prédio não recebe manutenção há tempos (e nem há indícios de que receberá tão breve), os equipamentos estão deteriorados e a defasagem de profissionais é grande (problema que, infelizmente, ocorre em todo estado).


Para se ter uma ideia, segundo levantamento feito por sindicatos policiais, em 31 de agosto de 2020 havia uma defasagem de 290 médicos legistas e 59 auxiliares de necrópsia em todos os IMLs do estado. Conseguimos entender este deficit quando lembramos que há quase 10 anos não é aberto concurso público para a área.


Já enviamos diversos questionamentos à Secretaria da Segurança Pública e, ainda em junho, entramos com uma representação no Ministério Público de Santos em busca de uma solução para os problemas, mas as respostas que tivemos foram as mesmas do tamanho da preocupação do Estado com o IML: nenhuma.


É um desrespeito com o povo santista que paga seus impostos e sequer pode contar com um serviço tão necessário nos momentos de maior fragilidade, que é a perda de um amigo ou parente. Além de fazer um familiar gastar muito mais tempo para enterrar um ente querido, muitas investigações de crimes estão sendo prejudicadas, pois precisam dos exames necrópsicos para se ter alguma solução. Incontestáveis são os prejuízos para a segurança pública: sem profissionais, o IML não funciona, os laudos e atendimentos atrasam, prejudicando o andamento dos processos criminais.


O IML de Praia Grande. que já possui alta demanda local, ainda precisa se desdobrar para atender aos casos de Santos. Imagine a pressão que os profissionais deste instituto estão sofrendo tendo cada vez mais serviço acumulado, sofrendo com deficit de pessoal e com um salário desvalorizado – nunca custa lembrar que nossos policiais têm um dos piores salários do Brasil, apesar da promessa de João Doria de valorizar a categoria.


A dúvida que fica é: por que o Governo finge que o problema do IML não existe? A população santista segue sem a solução do problema e sem uma resposta do governador. Mais dúvidas surgem quando recordamos que, no ano passado, estavam planejando mudar o endereço do prédio para o Bairro do Estuário, mas contaram com forte resistência dos moradores. O local fica próximo a residências e a própria Zona de Loteamento Municipal não permite que um IML seja instalado lá.


Em uma audiência realizada para debater a mudança, chegou a ser apresentada uma proposta alternativa para que fosse alugado um imóvel próximo ao Palácio da Polícia, em um valor 10 mil reais menor do que pretendiam gastar no do Estuário. Contudo, mais uma vez, o Governo se calou. Ao mesmo tempo, no prédio localizado no Estuário, o proprietário já realizava reformas e adequações, mesmo sem ter contrato prévio com o Estado.


Qual o interesse no sucateamento que prejudica as famílias e os servidores de Santos? São muitas as perguntas e vamos insistir neste assunto até termos respostas válidas. Continuamos lutando por mais dignidade para as famílias da nossa cidade e efetividade para que o serviço seja reestabelecido o mais rápido possível.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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