Sarampo, escassez de vacinas e doenças erradicadas voltando a assolar nosso estado

Cidades da Baixada Santista já registraram casos da doença este ano

Por: Tenente Coimbra  -  30/07/19  -  11:13
Ministério da Saúde decide vacinar cerca de 10 mil passageiros de navio atracado no Porto de Santos
Ministério da Saúde decide vacinar cerca de 10 mil passageiros de navio atracado no Porto de Santos   Foto: Nirley Sena/AT

O avanço da ciência e das políticas públicas de saúde permitiu, ao longo dos séculos, que a humanidade erradicasse uma série de doenças que levaram à morte significativa parcela da população. A grande responsável por isso foi a política de vacinação. No Brasil, a disseminação da imunização é feita de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é a arma mais eficaz para acabar com doenças como o sarampo, que em 2016 estava extinta no Brasil. Mas, as baixas taxas de cobertura de imunização estão provocando o retorno dessas doenças de forma contundente na nossa sociedade.


O surto de sarampo que chegou ao Estado de São Paulo, provocado por vírus que chegaram da Europa e Ásia, já soma 484 casos e marca presença na Baixada Santista: Santos e Peruíbe têm casos suspeitos. O número de infectados deve crescer. A infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Rosana Richtmann, explica que a transmissão é extremamente fácil e que cada infectado pode transmitir a doença para até 18 pessoas.


O motivo do retorno dessa ameaça é um só: a falta de imunização. Dados do Ministério da Saúde mostram que a aplicação de todas as vacinas do calendário adulto e infantil está abaixo da meta no Brasil. Apenas a BCG, que protege contra a tuberculose e é aplicada ainda na maternidade, atingiu a meta no ano passado. 


E a causa dessa queda na cobertura vacinal, segundo estudiosos, é assustadora: o avanço de informações falsas sobre as vacinas, disseminadas em redes sociais, tem feito com que muitos pais deixem de imunizar seus filhos.


Se os governos estaduais e federal não agirem rápido, vamos retroceder séculos e assistir ao retorno de doenças já erradicadas. É preciso uma ação ampla, educativa e urgente por parte do poder público para informar e esclarecer a população sobre a importância da vacinação. 


É necessário, ainda, estudar medidas que possam garantir o sucesso das metas das campanhas. Uma delas é a ampliação dos horários de atendimento e aumento no número de equipes de vacinação, de forma a atender aos milhares de trabalhadores que não conseguem sair em horário comercial para imunizar suas crianças ou a si próprios.


Na Baixada Santista, esse cenário é agravado pela constante falta de vacinas. No momento em que surtos voltam a ocorrer e a baixa cobertura vacinal é uma ameaça à saúde pública, é absurdo e irresponsável, para dizer o mínimo, a falta de doses no SUS. 


Nosso gabinete já enviou requerimentos tanto para o governo estadual quanto para o federal para cobrar o restabelecimento dos estoques de vacinas para a região. Aos poucos, essas doses estão chegando, mas ainda não são suficientes. Estamos cobrando respostas e não vamos parar de fiscalizar a saúde pública.


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