O avanço da ciência e das políticas públicas de saúde permitiu, ao longo dos séculos, que a humanidade erradicasse uma série de doenças que levaram à morte significativa parcela da população. A grande responsável por isso foi a política de vacinação. No Brasil, a disseminação da imunização é feita de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é a arma mais eficaz para acabar com doenças como o sarampo, que em 2016 estava extinta no Brasil. Mas, as baixas taxas de cobertura de imunização estão provocando o retorno dessas doenças de forma contundente na nossa sociedade.
O surto de sarampo que chegou ao Estado de São Paulo, provocado por vírus que chegaram da Europa e Ásia, já soma 484 casos e marca presença na Baixada Santista: Santos e Peruíbe têm casos suspeitos. O número de infectados deve crescer. A infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Rosana Richtmann, explica que a transmissão é extremamente fácil e que cada infectado pode transmitir a doença para até 18 pessoas.
O motivo do retorno dessa ameaça é um só: a falta de imunização. Dados do Ministério da Saúde mostram que a aplicação de todas as vacinas do calendário adulto e infantil está abaixo da meta no Brasil. Apenas a BCG, que protege contra a tuberculose e é aplicada ainda na maternidade, atingiu a meta no ano passado.
E a causa dessa queda na cobertura vacinal, segundo estudiosos, é assustadora: o avanço de informações falsas sobre as vacinas, disseminadas em redes sociais, tem feito com que muitos pais deixem de imunizar seus filhos.
Se os governos estaduais e federal não agirem rápido, vamos retroceder séculos e assistir ao retorno de doenças já erradicadas. É preciso uma ação ampla, educativa e urgente por parte do poder público para informar e esclarecer a população sobre a importância da vacinação.
É necessário, ainda, estudar medidas que possam garantir o sucesso das metas das campanhas. Uma delas é a ampliação dos horários de atendimento e aumento no número de equipes de vacinação, de forma a atender aos milhares de trabalhadores que não conseguem sair em horário comercial para imunizar suas crianças ou a si próprios.
Na Baixada Santista, esse cenário é agravado pela constante falta de vacinas. No momento em que surtos voltam a ocorrer e a baixa cobertura vacinal é uma ameaça à saúde pública, é absurdo e irresponsável, para dizer o mínimo, a falta de doses no SUS.
Nosso gabinete já enviou requerimentos tanto para o governo estadual quanto para o federal para cobrar o restabelecimento dos estoques de vacinas para a região. Aos poucos, essas doses estão chegando, mas ainda não são suficientes. Estamos cobrando respostas e não vamos parar de fiscalizar a saúde pública.