Regresso à fase amarela prejudica comerciantes e trabalhadores

O primeiro ponto a se questionar é por que essa regressão veio somente após o dia 29 de novembro, data do segundo turno das eleições municipais

Por: Tenente Coimbra  -  08/12/20  -  10:07
Diminuir o tempo de funcionamento dos estabelecimentos apenas aumenta as aglomerações
Diminuir o tempo de funcionamento dos estabelecimentos apenas aumenta as aglomerações   Foto: Matheus Tagé/AT

O governador João Doria anunciou a regressão de todas as regiões do estado à fase amarela do chamado plano de flexibilização econômica. Com isso, os comércios voltam a ter limitação de horário, podendo abrir apenas 10 horas por dia e tendo que fechar até às 22h.


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O primeiro ponto a se questionar é por que essa regressão veio somente após o dia 29 de novembro, data do segundo turno das eleições municipais. Antes, ninguém sabia que a medida já seria necessária? 


O fato se torna mais curioso quando recordamos que, cerca de duas semanas antes do novo anúncio, a imprensa noticiou e o governador publicou um vídeo em suas redes sociais afirmando que não aumentaria as restrições da quarentena logo após o pleito. 


O que se viu, no entanto, foi que, logo no dia seguinte ao 29, o governo anunciou o endurecimento de algumas medidas.


Não bastasse, Doria promoveu aglomerações em situações em que pessoalmente esteve para prestar apoio durante a campanha eleitoral de seu ex-vice, Bruno Covas, inclusive na reunião que comemorou a vitória do prefeito.


Será mesmo factível que o governador e sua equipe não raciocinaram que a consequência de se estender o horário do comércio diminui o fluxo nos horários de pico, reduzindo assim os riscos de contaminação?


Diminuir o tempo de funcionamento dos estabelecimentos apenas aumenta as aglomerações e prejudica ainda mais o setor, já tão afetado pela pandemia com bilhões de reais perdidos e, consequentemente, milhares de desempregados.


Pensando nos problemas que mais uma quarentena rígida provocaria na economia, apoiei o movimento “Meia Porta” para que bares e restaurantes da cidade de Santos continuassem com o seu horário ampliado, podendo atender um maior público, seguindo todas as recomendações sanitárias para evitar a propagação do coronavírus: funcionamento com apenas 40% da capacidade, distanciamento social, aferição de temperatura na entrada e fornecimento de álcool em gel.


Seguindo por este caminho, o prefeito de Santos manteve a ampliação do horário de funcionamento do comércio, colaborando para que o público tenha mais horários disponíveis e os comerciantes não sofram com novas limitações, correndo o risco de terem que fechar as portas em definitivo.


O deputado Caio França, eu e o vereador Sergio Santana, entre outros vereadores, estamos na luta para que os trabalhadores do comércio não sejam mais uma vez prejudicados. A Prefeitura já sinalizou a possível edição de um decreto esta semana em que estenderá até meia noite o horário de funcionamento dos estabelecimentos.


São Vicente manteve o período máximo de funcionamento por 10 horas diárias, mas permitiu o fechamento dos estabelecimentos até meia noite. Já no interior, em Americana, a prefeitura autorizou o comércio local a funcionar por 12 horas, afirmando que o horário restrito causou mais aglomerações.


João Doria não pode obrigar os municípios a adotarem limitações que, ao contrário do que ele afirma, apenas elevarão o risco de contaminação das pessoas e prejudicarão milhares de empreendedores e trabalhadores.


Essas pessoas precisam trabalhar para sobreviverem à gigantesca crise econômica que assola os micros e pequenos empresários, trabalhadores autônomos, gente que não pode se dar ao luxo de ficar em casa ou evitar entrar num transporte público lotado.


Sabemos do aumento na curva de casos de coronavírus, mas esta regressão tende apenas a piorar a situação.


O que fica, mais uma vez, é a imagem ruim do governador, que não cumpriu o que havia dito antes do segundo turno, de que nada voltaria atrás no plano de flexibilização econômica.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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