O descaso do Estado com o IML de Santos tem que acabar

O sucateamento do Instituto Médico Legal (IML) de Santos é uma daquelas novelas com inúmeros capítulos e que, entra ano, sai ano, continua sem um desfecho

Por: Tenente Coimbra  -  09/06/20  -  11:37
IML de Santos, no Saboó, foi fechado após as chuvas de março
IML de Santos, no Saboó, foi fechado após as chuvas de março   Foto: Arquivo/Matheus Tagé/AT

O sucateamento do Instituto Médico Legal (IML) de Santos é uma daquelas novelas com inúmeros capítulos e que, entra ano, sai ano, continua sem um desfecho. Não é novidade para ninguém, nem para o governo do Estado, nem para servidores que lá atuam, nem para o município, que o prédio não tem condições de funcionar devido inúmeros problemas estruturais já atestados em laudos técnicos. Também não é novidade que os equipamentos estão sendo sucateados durante anos devido à negligência do Estado em fazer a devida manutenção e sem investimentos em tecnologia. 


A mudança do IML para um novo endereço, discutida no ano passado, ainda não saiu do papel por causa da morosidade dos trâmites burocráticos necessários. A pandemia certamente atrasará essa mudança. Enquanto isso, os servidores arriscam sua integridade física trabalhando em um prédio caindo aos pedaços. 


Nos últimos dias, uma denúncia adicionou um componente ainda mais dramático à novela: as câmaras frigoríficas (utilizadas para armazenar os corpos que precisam passar por autópsia) teriam quebrado e os corpos precisaram ser levados para cidades vizinhas para que seja feito o exame necroscópico. Para quem perdeu um ente querido, esperar ainda mais tempo para sepultar um parente chega a ser desumano. 


Enviei um requerimento de informação ao governo do Estado na semana passada para verificar o que, de fato, está ocorrendo no IML de Santos. À reportagem da Tribuna, a Secretaria da Segurança Pública (SSP), órgão ao qual o requerimento foi direcionado, informou que o pedido está em análise, mas não comentou a mudança de endereço do instituto. Ainda não obtivemos uma resposta. Mas é preciso deixar claro que nenhuma resposta que não seja uma imediata ação para solucionar os problemas é aceitável. 


Além do parque tecnológico sucateado, o IML de Santos sofre com uma grave defasagem de profissionais. O efetivo insuficiente, somado aos problemas estruturais, é grave, uma situação escandalosa. Já denunciamos o descaso do governo do Estado com o IML de Santos há meses e nada foi feito para resolver o problema. O povo de Santos e da Baixada Santista merecem respeito. 


A crise no IML de Santos não começou agora, é fruto de décadas de descaso e falta de investimentos tanto em equipamentos, quanto na reposição do quadro de servidores. Sem o mínimo de investimento, o instituto não consegue atender à demanda da cidade, o que atrasa todo o processo de sepultamento das vítimas. É uma situação desumana para todos. E tem que parar. Como representante da Baixada Santista na Alesp, sigo cobrando do governo as melhorias necessárias. E me coloco à disposição da população para receber denúncias por meio das nossas redes sociais (facebook.com/TenenteCoimbra; instagram.com/tenente_coimbra/; twitter.com/Tenente_Coimbra).


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