O descaso com o IML de Santos tem que ser investigado

A instituição, que também faz exames necrológicos em mortes suspeitas ou decorrentes de crimes, não tem condições de acondicionar os corpos

Por: Tenente Coimbra  -  23/06/20  -  11:25
Sede do IML no Saboó será transferida
Sede do IML no Saboó será transferida   Foto: Matheus Tagé/AT

O Instituto Médico Legal (IML) de Santos, que vem sofrendo com o sucateamento imposto por anos de descaso do Governo do Estado, está fechado desde março por causa de problemas estruturais agravados pelas fortes chuvas que atingiram a Baixada Santista no início deste ano. 


O prédio, que já apresentava graves problemas estruturais, coloca em risco a integridade física dos servidores e dos cidadãos que usam os serviços. Mas essa não é uma situação que aconteceu do dia para a noite, com o impacto de apenas uma tempestade. Há anos, o IML sofre com a falta de investimentos tanto na manutenção predial, quanto nos equipamentos e na reposição do número de servidores. 


A instituição, que também faz exames necrológicos em mortes suspeitas ou decorrentes de crimes, não tem condições de acondicionar os corpos, que precisam ser enviados para a unidade da Praia Grande. O mesmo acontece com a unidade do Guarujá, que, segundo denúncias feitas pela imprensa local, também parou de fazer o serviço. 


Hoje, todos os corpos que precisam passar por necropsia na Baixada Santista são levados para a Praia Grande. O impacto disso junto às famílias das vítimas é enorme. Em um momento tão difícil, elas têm que esperar ainda mais tempo para ter o direito de velar e sepultar seus entes queridos.  


As pessoas que precisam fazer um exame de corpo de delito também precisam ir até a Praia Grande. Mais um desrespeito com a população, que paga altos impostos e não tem a qualidade dos serviços que merece. Submeter vítimas de crimes, que estão debilitadas física e emocionalmente, a mais este revés, é, no mínimo, desrespeitoso. 
 
Além da falta de estrutura, o maior problema do IML na nossa região é o deficit de funcionários. É preciso contratar servidores para atuar em todas as unidades da Baixada, não há como esperar mais, chegamos ao limite do aceitável. 


Como deputado eleito pela região, já fiz vários requerimentos de informação ao Estado. Diante de uma resposta que não veio, e de acordo com as denúncias feitas à imprensa, entramos com uma representação no Ministério Público de Santos denunciando o descaso do Governo com a questão. Santos, como a maior cidade da Região Metropolitana da Baixada Santista, não pode ficar meses com o IML fechado, encaminhando os casos para outra cidade. 


No documento encaminhado ao MP, questionamos se há qualquer tipo de investigação sobre o descaso com o IML, ou Termo de Ajustamento de Conduta em elaboração para resolver o problema. Em caso de resposta negativa, solicitamos à promotoria que instaure um procedimento a fim de apurar responsabilidades e resolver o problema que tanto penaliza a população. 


Todo nosso gabinete segue no trabalho de fiscalização dos serviços prestados à população. Não pouparemos esforços para corrigir distorções, injustiças e ilegalidades.


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