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Governo do Estado de São Paulo e Secretaria da Segurança Pública devem explicações sobre o motivo de mudar para o bairro Estuário, em Santos, a sede do Instituto Médico Legal

Por: Tenente Coimbra  -  09/04/19  -  11:40
  Foto: Gustavo Renor/Divulgação

Governo do Estado de São Paulo e Secretaria da Segurança Pública devem explicações sobre o motivo de mudar para o bairro Estuário, em Santos, a sede do Instituto Médico Legal. As obras de adequação já começaram. Qual é a justificativa para instalar um necrotério e serviços afins na região, se a Prefeitura de Santos, numa consulta, em 2018, já informou que esse tipo de atividade não pode ocorrer em bairro residencial? Além disso, fica a questão: para quem será cedido o atual imóvel? O que será feito com o atual IML, já que reformá-lo parece estar fora de cogitação?


Para os moradores do bairro, outro contratempo é que o IML trará desconforto e perda de patrimônio. O local no qual se pretende instalá-lo fica a apenas três metros de um prédio residencial, o que é um absurdo para quem vive lá há anos e, de repente, vai ter que lidar com o mau cheiro que vem dos corpos, com o crescimento do movimento de pessoas e, pior ainda, com a desvalorização de seus imóveis. Afinal, quem vai querer adquirir um apartamento bem ao lado de um IML?


E não é só isso. Sabe-se que é desejo do governo realizar a mudança da Polícia Científica regional para o bairro, o que acarretará em uma quantidade grande de drogas e armas sendo acondicionada na região, outro impacto que gerará insegurança e medo entre os habitantes.


E os transtornos não param. Há a falta de Estudo de Impacto de Vizinhança, pois o IML não traz consigo somente o necrotério. Sabe-se que a maior parcela de seu atendimento é realizada com a população por meio de diversos exames (como o corpo de delito), o que aumentará de forma exponencial o afluxo de pessoas para o bairro, gerando mudanças no trânsito, na circulação de pedestres e até mesmo no consumo de água e esgoto.


Ainda sobre os problemas, se é uma obra do Governo do Estado de São Paulo, por que não há uma placa informando o custo, o prazo e o tipo de reforma que está sendo feito nesse prédio? Mais: temos a informação de que o local será alugado pelo estado por R$ 30 mil por mês, mas, encontramos o mesmo imóvel anunciado num site de locação por 20 mil. Qual a explicação para essa diferença?


Protocolei na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo um requerimento questionando todas essas informações para a SSP/SP e para o governador João Doria. Caso os questionamentos não sejam respondidos em um prazo razoável ou a contento, entraremos com pedido no Ministério Público para que a obra seja paralisada.


Antes de realizar reformas para uma nova sede, o Governo de São Paulo precisa atacar o pior dos problemas, que é a falta de profissionais nos IMLs, principalmente no daqui de Santos, que atende inúmeras cidades importantes da nossa Baixada.


Hoje, o déficit é evidente, o que obriga algumas unidades a fecharem por falta de profissionais. Um médico legista, muitas vezes, é obrigado a atender audiências de custódia, necrotério, realizar exames de corpo de delito, o que impacta em sua efetividade e acaba por prejudicar a sociedade.


É preciso que o estado forneça mais profissionais em vez de se preocupar em gastar o dinheiro público de forma desnecessária. O IML de Praia Grande, por exemplo, ficou uma semana sem médico legista, até a SPTC (Superintendência da Polícia Técnico-Científica) enviar um profissional de Santos - o que forçou a vinda de outro da Capital para suprir essa ausência -, numa clara demonstração de que o cobertor está curto para o estado mais rico da federação, onde há, sim, orçamento para se realizar novos concursos para a Polícia Científica.


A população de Santos e, especialmente, a do bairro Estuário pode contar comigo nesta e em todas as demais questões que envolvem o assunto, para impedir que esse absurdo prossiga.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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