Até quando os artistas vão sofrer os efeitos da pandemia?

Os artistas estão sofrendo de forma ainda mais prolongada os efeitos da pandemia

Por: Tenente Coimbra  -  08/09/20  -  13:30
Por que temos medo de falar em público?
Por que temos medo de falar em público?   Foto: Imagem ilustrativa/Matthias Wagner/Unsplash

Os artistas estão sofrendo de forma ainda mais prolongada os efeitos da pandemia. O setor está parado desde março. Milhares de trabalhadores foram demitidos. Já não faz mais sentido continuar penalizando o setor quando praias e shoppings estão lotados. O argumento de evitar a aglomeração não tem nexo nesse e em tantos outros casos. Então, por que não liberar os eventos e, assim, ajudar milhares de trabalhadores e suas famílias?


É óbvio que todos os cuidados necessários devem ser adotados. Se bares e restaurantes funcionam – e, no caso desses, é preciso ampliar o horário de funcionamento – não vejo motivos para que não se crie um protocolo de retomada de teatro, apresentações, shows e outros tipos de eventos. Que se limite o público, que se imponha o distanciamento seguro por meio de mesas e se faça toda a assepsia e checagem de temperatura para permitir a participação das pessoas. Há uma série de critérios que podem ser adotados para que o setor reabra com segurança.


Se as curvas já começaram um movimento de queda, por que o Estado não compreende que o cenário é diferente e começa ele próprio a experimentar outras possibilidades que poderiam inclusive serem mais seguras para todas as pessoas?


Não adianta ficar esperneando porque a população resolveu retomar a vida. Ninguém voltará mais para dentro de casa. Por que não se adaptar à realidade quando não se pode mais mudá-la? Para ter justificativas morais caso algo dê errado? É preciso colocar fim à hipocrisia.


O Estado precisa interferir diretamente neste cenário de forma que essa realidade não signifique mais uma ameaça à saúde de todos. E isso só será possível se o poder público parar de agir feito avestruz, enfiando a cabeça num buraco e fingindo que nada está acontecendo.


Eu até entendo a perplexidade de algumas pessoas, mas é hipócrita criticar, hoje, quem lota praias, praças e shoppings. Muita gente não aguenta mais ficar trancada em casa.


O fato é que entramos em uma curva descendente claramente consolidada, conforme a própria imprensa, uma das mais impiedosas vigilantes das “regras”, mostrou, comentou e repetiu ao longo da semana passada. Reportagem da Folha de S.Paulo de domingo, 6 de setembro, traz à tona o consenso entre especialistas sobre o fato de uma segunda onda de infecções estar praticamente descartada no Brasil.


Esper Kallás, infectologista e professor da USP, diz que dificilmente haverá aumento de casos. Cito suas aspas, na Folha: “Estamos diante de uma epidemia que tem a característica de uma onda única”. Ora, se até os cientistas já entenderam que suas teorias não se aplicaram integralmente à realidade brasileira, o Estado, seja no âmbito municipal ou estadual, precisa mudar já sua atitude em relação à pandemia.


Tudo sobre:
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter