A guerra diária dos policiais na Baixada Santista

Este ano, pelo menos dois policiais da nossa região foram mortos e outros dois foram gravemente feridos

Por: Tenente Coimbra  -  16/07/19  -  11:30
Troca de tiros ocorreu no Dique do Piçarro, em São Vicente
Troca de tiros ocorreu no Dique do Piçarro, em São Vicente   Foto: Nirley Sena/AT

Apesar de toda defasagem salarial, de infraestrutura e equipamentos, os índices de criminalidade vêm caindo ano a ano, graças ao trabalho de homens e mulheres de nossa força policial que se dedicam, e muito, para que isso aconteça. Mas, a Baixada Santista está longe de ser um lugar seguro para os agentes de segurança.


Este ano, pelo menos dois policiais da nossa região foram mortos e outros dois foram gravemente feridos. Aqui, os agentes de segurança pública, responsáveis por fazer a sociedade se sentir segura, travam uma guerra diária contra a criminalidade e são alvos constantes dos bandidos não só quando estão trabalhando, mas, principalmente, nos momentos de folga.


Nossa região é uma das mais perigosas do estado para o trabalho policial. Desde 2001, segundo dados da PM, pelo menos 90 policiais foram mortos. Nos casos mais recentes, somente num período de quatro dias - entre 9 e 13 de julho -, três policiais foram vítimas de criminosos em Santos.


Na terça-feira (9), três bandidos foram presos por atirarem contra uma viatura da Polícia Militar. Na sexta-feira (12), um soldado da PM foi baleado nas costas durante patrulhamento no Morro São Bento. E, no sábado (13) à noite, um policial militar de folga sofreu uma tentativa de homicídio na frente de casa, no bairro Rádio Clube. Um homem de bicicleta passou pelo policial e disparou. O criminoso fugiu e ainda não havia sido identificado até o fechamento desta coluna.


Esse PM poderia ter entrado para o rol dos agentes de segurança mortos fora de combate justamente por terem escolhido a profissão. Mas, contou com a ajuda do acaso: a arma usada pelo bandido falhou. Os militares Daniel Gonçalves Correa e Vitor de Oliveira Farias não tiveram essa sorte.


Não é fácil ser policial no Brasil, os salários são baixos e os altos índices de criminalidade ampliam os riscos. Quem vai querer arriscar a vida todos os dias por um salário que não confere segurança e conforto financeiros? É uma missão exclusiva para heróis. E nós temos milhares deles. 


De acordo com o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 371 policiais foram assassinados no Brasil em 2017. A maioria das mortes, 290, aconteceu durante a folga. Rio de Janeiro lidera o ranking dos estados mais violentos para ser um policial. São Paulo é o segundo colocado, um título nada honroso. Na Baixada Santista, esse índice é um dos mais altos de todo o estado.


Uma das linhas de frente do nosso mandato é contribuir para a valorização dos policiais, para melhorar as condições de trabalho e incrementar a segurança pública na nossa região e no estado. E uma das ações que estamos tomando neste sentido é trazer para Santos câmeras de monitoramento com reconhecimento facial, que podem contribuir muito para inibir o crime e identificar bandidos.


A busca por recursos tecnológicos que auxiliem as polícias em sua missão é uma grande frente de atuação do meu gabinete. Visitamos institutos de pesquisa para conhecer as novas tecnologias que podem ser aliadas da segurança e estamos tentando fazer com que essas inovações cheguem o mais rápido possível ao dia a dia dos policiais e da população.


Constantemente, fazemos visitas a batalhões e unidades policiais para descobrir como podemos melhorar o trabalho desses homens e mulheres e encaminhamos pedidos para aquisição de equipamentos, como drones que podem ser usados no patrulhamento da costa paulista.


Nós, classe política e sociedade, precisamos valorizar a profissão policial e tentar minimizar ao máximo os riscos a que estão expostos. Por isso, além de pedir aumento do efetivo policial e melhores condições de trabalho, me comprometi publicamente a votar contra todo e qualquer projeto de aumento salarial até que o governador João Doria cumpra sua promessa de campanha e reajuste o salário dos policiais paulistas, que é um dos mais baixos do Brasil (mesmo São Paulo sendo o estado mais rico da federação).


Conhecemos a capacidade do secretário de Segurança Pública, General João Camilo Pires de Campos, em gerenciar a pasta, mas ele precisa da autorização do governador para conceder o aumento e corrigir anos de injustiças cometidas contra a classe.


Quando o agente responsável por garantir a segurança pública não está salvo, toda a sociedade está desprotegida.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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