Sem nhém-nhém-nhém

A disputa pelo poder o tempo inteiro se sobrepõem ao real motivo para o qual um representante do povo foi eleito: para dar voz aos que não têm voz e para fazer valer o direito dos que mais necessitam

Por: Rosana Valle  -  08/08/20  -  14:29
Deputada Rosana Valle
Deputada Rosana Valle   Foto: Divulgação

Muita coisa tem que mudar na política, mas se tem uma que me incomoda muito é a visão deturpada do que é importante. A disputa pelo poder o tempo inteiro, as brigas partidárias, as polêmicas, infelizmente se sobrepõem ao real motivo para o qual um representante do povo foi eleito: para dar voz aos que não têm voz e  para fazer valer o direito dos que mais necessitam. 


Mesmo em tempos de pandemia, com tanta gente sofrendo com o coronavirus e com o desemprego, surgem, em muitos momentos, discussões vazias e posturas motivadas simplesmente por questões partidárias e ideológicas que não trarão nenhum ganho para a população. 


Não que os partidos não sejam importantes. São feitos para aglutinar pessoas em torno de ideias, de buscar conquistas sociais. Os partidos reúnem políticos e militantes com ideais comuns, que buscam implantar suas propostas nas áreas de educação, saúde, economia, cultura, esportes etc.
    
Mas o que nos surpreende, muitas vezes, é que para fazer prevalecer seus interesses político-partidários alguns chegam a se esquecer de fato o porquê de existirem. 


Se há uma necessidade urgente da comunidade, como água, luz, escola, saneamento, asfalto, por exemplo, estas devem ser as prioridades de qualquer ação, de qualquer discurso, de qualquer postura política.


Se o presidente da República é de um partido; o governador do outro; o prefeito de outro e o deputado de outro, devemos, sim, esquecer nesta hora as siglas às quais pertencemos e agir para atender a reivindicação desta comunidade. A necessidade comum não tem partido. 


A vida é mesmo uma escola. No caso da Ponte dos Barreiros, em São Vicente, a situação foi exatamente esta. O prefeito de São Vicente, onde está a ponte, Pedro Gouvêa, é do MDB. O Governador do Estado, João Doria, é do PSDB. O presidente da República, Jair Bolsonaro, hoje sem partido, já foi do PSL. Eu, que me elegi deputada federal, pelo PSB. Que salada de letras, hein?


Nunca fui militante de partido, nunca tive uma postura ideológica extremada e isso tem me ajudado a focar sempre no que é essencial. No caso recente da Ponte dos Barreiros, em São Vicente, foi assim: bati em todas as portas, fui do Governo do Estado ao Governo Federal, pedindo para que não deixassem a população da Área Continental isolada por causa do mau estado da ponte. Incomodei, no bom sentido, a todas as autoridades. 


Tive a felicidade de ser atendida pelo presidente Bolsonaro, que liberou R$ 58 milhões em recursos federais para as obras de recuperação emergencial e também as de maior profundidade, na segunda fase, que estão sendo licitadas. 


As primeiras já foram concluídas e a ponte foi reaberta. Na sexta-feira, fomos lá com o Presidente Jair Bolsonaro e a população se manifestou, agradecendo, e também pedindo novas melhorias. É assim que funciona. Foi muito bom.


Em nenhum momento o presidente me perguntou sobre ideologia, situação partidária, eleições, nada, zero. Falamos apenas sobre como diminuir o sofrimento da população. 


Assim foi também foi em relação à retomada das obras do Conjunto Tancredo Neves III. Falei com o ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, somente sobre a importância de destinar as 1.120 moradias para famílias que vivem em área de risco. E as obras foram retomadas. Ponto. Sem nhém-nhém-nhém, sem papo furado.


Continuarei focada no que importa. No Velho Testamento, há uma história que sempre me inspirou, a de Neemias. Trabalhava como copeiro do rei e recebeu uma grande missão, que está registrada no livro da Bíblia que leva seu nome. O profeta teve muitos opositores, mas costumava dizer: “Não posso me distrair com questões menores, não posso perder tempo, porque há um grande trabalho a ser feito.” É isso!


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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