Previdência

Nesta coluna, faço o registro das minhas considerações sobre a reforma, votada em 1º turno na semana passada

Por: Rosana Valle  -  14/07/19  -  12:34
  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Foi uma semana intensa e tensa em Brasília. Enquanto participava das votações na Câmara dos Deputados, recebi pelas redes sociais muitos comentários elogiando minha postura, e também críticas, pela decisão de votar a favor do texto principal da reforma da Previdência.


Entendo e respeito opiniões contrárias, mas deixo registradas minhas considerações para os leitores desta coluna. 


Somos um país com 13 milhões (dados oficiais) de desempregados, com uma economia estagnada e sem perspectiva. A longevidade da população está aumentando. Temos cada vez menos gente contribuindo com a Previdência, um sistema que nos moldes atuais está condenado à extinção, podendo levar milhões ao desespero. 


Afinal, o que adianta ter direitos, se estes direitos não podem ser garantidos no futuro? Tomemos como exemplo o Estado do Rio Grande do Sul, onde já não existe dinheiro para pagar aposentados e funcionários em dia. 


Quem me acompanha sabe que desde o início das discussões sobre a Previdência defendi ser necessária a reforma, mas me posicionei contra muitos itens do texto original da proposta que foi apresentada pelo Governo Bolsonaro. 


Divulguei vídeos, dei entrevistas a jornais. Fui a programas de rádio, me reuni com sindicalistas e, nas reuniões, argumentei ser contra a redução do BPC, benefício da prestação continuada, contra a capitalização que obrigava o trabalhador a fazer sua própria poupança para a aposentadoria, contra as mudanças no tempo de contribuição para os trabalhadores rurais, contra a desconstitucionalização.


Acontece que esses itens foram tirados da proposta final da reforma. Inclusive, muitas das alterações foram sugeridas pelo próprio PSB durante os dois meses de debates na comissão especial.


A reforma que os deputados da situação e da oposição discutiram e modificaram foi aprovada na comissão, e foi para o plenário. O texto teve a aprovação de 379 parlamentares. Dos 70 do Estado de São Paulo, 55 votaram favoravelmente, inclusive, todos os quatro deputados do PSB de SP. 


No plenário, nós aprovamos o corpo principal da reforma e conseguimos outras conquistas, como a redução do tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria da mulher, regras mais justas para as aposentadorias dos policiais e dos professores! 


Mesmo com todos os avanços, sei que esta reforma não é a ideal, nem nunca será. A reforma é impopular, mas necessária! Ela sozinha não vai resolver os problemas, por isso precisa ser acompanhada das reformas tributária e política. 


Não vendi meu voto, não busquei favorecimento algum. Ponderei, ouvi as pessoas da minha região, agi com a minha consciência e esses compromissos estão acima de tudo. Votei com coragem, contrariando sim, a decisão do PSB, porque eu não concordei com ela.


Gostaria muito que cada cidadão brasileiro honesto e bem intencionado tivesse um dia a chance de sentar na cadeira do parlamento pra ver o tamanho da responsabilidade e a pressão que é!  


Quando coloco a minha digital lá pra votar, eu voto com o coração e com convicção de que estou fazendo o meu melhor para o Brasil e para os brasileiros.


Imagine, depois do peso de decidir o futuro de milhões de pessoas, ainda terminar a noite sendo xingada e ameaçada nas redes sociais?


Escrevo para que sirva de reflexão a todos nós. Ao elegermos uma pessoa, temos que ter a maturidade pra saber que ela nem sempre vai votar como queremos, mas isso não significa que virou bandida, vendida, corrupta, pilantra!


Receber esse tipo de tratamento pra quem faz um trabalho sério é cruel!


Entendo que esses comentários refletem o ódio aos políticos de modo geral, mas se a população não acompanhar e não respeitar seus representantes, a política será sempre um lugar onde só os corruptos e os malandros vão querer se perpetuar.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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