Mulheres sem medo na política

Mais que as justas homenagens, o reconhecimento, a tarefa agora é conquistar, na prática, os espaços disponíveis na vida em sociedade e principalmente na política

Por: Rosana Valle  -  08/03/20  -  10:03
Atualizado em 19/04/21 - 19:03
 Rosana Valle vê a necessidade de se discutir a questão para chegar a uma decisão final
Rosana Valle vê a necessidade de se discutir a questão para chegar a uma decisão final   Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Sobre a importância das mulheres, tudo já foi dito. Mais que as justas homenagens, o reconhecimento, a tarefa agora é conquistar, na prática, os espaços disponíveis na vida em sociedade e principalmente na política.


Alguns poderão dizer que as mulheres não gostam de política. E se não gostam é porque muita coisa precisa mudar na política. Isso mesmo. Só participando, interferindo, é que conseguiremos tornar a prática política mais interessante para as mulheres.


Está claro que a intuição, a sensibilidade, a coragem e a competência das mulheres fazem falta na política. Não apenas nos partidos, mas na formulação de políticas públicas, na gestão e no exercício de cargos nos poderes Legislativo e Executivo.


Mas, para que as mulheres alcancem estes importantes postos de comando na sociedade e na política, é preciso encorajá-las a participar deste mundo complexo, repleto de desafios e que exige muita paciência.


É exatamente o que estou fazendo, desde que assumi meu mandato de deputada federal. Estou percorrendo as cidades da Baixada, litoral e Vale do Ribeira dando palestras para mulheres, contando como está sendo minha experiência como novata na política que sou.


Já falei para mais de 1.200 mulheres em eventos organizados por entidades e lideranças de todas as cores partidárias. Mostro como, depois de 25 anos de jornalismo, decidi entrar para a política, me filiar a um partido e me candidatar a deputada federal. Falo sobre os desafios que enfrentei num ambiente ainda predominantemente masculino e, em alguns casos, machista.


Além dos desafios de defender minhas ideias e meus projetos no meio político, num Congresso onde as mulheres são apenas 77, num universo de 513 deputados, tive que aprender a lidar comigo mesma, a vencer meus limites e receios mais profundos. Mas, fui em frente e estou conseguindo. Não vou recuar um milímetro em minhas convicções.


E por isso vou continuar falando para as mulheres e encorajando-as, sim, a entrar para a política, se filiar em partidos e terem a coragem de se candidatar a vereadoras, prefeitas, deputadas, líderes em suas comunidades, enfim, a se engajarem numa conquista que está apenas começando.


Na Câmara de Santos, por exemplo, de 21 vereadores, as mulheres são apenas duas. Por isso, tenho recebido mulheres diariamente em Santos e em Brasília. Elas me procuram para pedir apoio e contar seus planos. E as incentivo com ideias, com tudo que posso oferecer com meu mandato, e com o apoio político, sim, colocando meu nome à disposição dos sonhos delas, que são, também, os meus.


O resultado destas palestras e conversas tem sido tão bom, tão interessante, que venho sendo convidada para falar para mulheres de outras regiões, como na Capital, interior, Região Metropolitana de São Paulo e até em outros estados.


Assim, além das inúmeras atribuições do meu mandato, incentivar as mulheres tornou-se uma prática constante. E vou continuar com esta missão. Quero mais mulheres sendo votadas, assumindo cargos importantes e conquistando, de fato, o lugar que merecem na sociedade e na política. É das ações práticas que as mulheres precisam, hoje, neste seu dia internacional. Coragem, mulheres. Vamos em frente!


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