Flamengo acabou abatido de maneira justa

É preciso reconhecer que o Rubro-Negro chegou com uma grande performance, mas pouco se reconheceu o valor de tudo que envolve o adversário que tem mais estrutura, elenco mais valioso e futebol altamente competitivo

Por: Roberto Monteiro  -  23/12/19  -  10:14
Roberto Firmino foi decisivo no título do Liverpool
Roberto Firmino foi decisivo no título do Liverpool   Foto: GIUSEPPE CACACE/AFP

Terminou a temporada 2019 para o futebol brasileiro de maneira frustrante, sem que o tão esperado título no Mundial de Clubes viesse mais uma vez para nós.


Nem tanto pelos jogos decisivos para o Flamengo, que se assustou no início da semifinal e acabou abatido de maneira justa pelo Liverpool na finalíssima, mas muito mais pela mania brasileira do "já ganhou" em qualquer disputa internacional.


Ora, é preciso reconhecer que o Flamengo chegou a disputa com uma grande performance, mas pouco se reconheceu o valor de tudo que envolve o adversário que tem mais estrutura, elenco mais valioso, futebol altamente competitivo e que foi disputar um título que, para os europeus, não tem tanto valor assim.


O técnico alemão Jurgen Klopp inteligentemente passou todo o favoritismo ao Flamengo nas entrevistas que antecederam o jogo. Pena que isso não tenha sido compreendido pelos brasileiros, que deveriam reconhecer o valor do adversário antes de ter certeza que no futebol não existem favoritos ou derrotados na teoria ou nas conversas. Tudo se resolve em campo, mostrando competência, compromisso, luta, respeito pelo adversário e, acima de tudo, criando chances que devem resultar em gols.


No jogo final quem criou mais chances, teve mais presença em campo e levou a melhor foi o Liverpool, cujo goleiro Alisson fez apenas duas ou três defesas durante todo o jogo e na prorrogação. Não sou daqueles que se iludem com porcentagem de posse de bola e não conheço nenhum dispositivo na regra do futebol que leve isso em consideração em caso de igualdade. O que vale mesmo é bola na rede.


Jorge Jesus, o técnico português que revolucionou o futebol brasileiro teve que tentar mudar a sorte do jogo e, por incrível que pareça, foi com as alterações costumeiras no decorrer das partidas que o adversário cresceu e venceu o jogo. Abrir mão de criadores como Everton Ribeiro e De Arrascaeta, e ainda tirar o lutador Gerson de campo, acabaram sendo fatais para uma equipe que todos pintavam como "a que primeiro cansa o adversário em campo para depois abate-lo". Será que o fato de estarmos em final de temporada, com mais de 70 partidas jogadas, não favorece fisicamente uma equipe que está no meio de sua temporada com um número bem menor que a metade dos jogos realizados até aqui?


Será que se pode desprezar uma equipe que tem o melhor técnico do mundo, o melhor goleiro do mundo, o melhor zagueiro do mundo e jogadores no ataque da qualidade de Mané, Salah e Firmino?


Convenhamos, é preciso valorizar sim a temporada do Flamengo, reconhecer que o time caiu em pé, mas também se considerar que discutir premiação por conquista na véspera do jogo decisivo é fator altamente negativo em qualquer circunstância.


O futebol sempre será rico em discussões, táticas, escalações e resultados. Mas, reconhecimento de mérito em resultado final fica bem longe da compreensão do torcedor brasileiro.


Vamos para uma nova temporada, onde com certeza tudo isso estará novamente na mesa de discussões.


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