Vinícius Jr. tem 'problema de fábrica' brasileiro

Atacante precisará aprender, na Europa, a corrigir defeitos comuns de jogadores da base nacional

Por: Bruno Gutierrez  -  28/02/19  -  17:50
Atacante perdeu muitas oportunidades no primeiro tempo contra o Barcelona
Atacante perdeu muitas oportunidades no primeiro tempo contra o Barcelona   Foto: Getty Images

Vinícius Jr. é o futuro do Real Madrid. Isso está mais do que claro. Já ganhou a torcida, os colegas de equipe e começa a causar apreensão nos adversários. Ele é rápido, com pensamento ágil, e sempre procura se posicionar nos buracos deixados pela defesa adversária. Mas, o ex-flamenguista chegou com um "problema de fábrica" comum nos atletas que se formam na base nacional.


A joia de 45 milhões de Euros não sabe finalizar. E, infelizmente para o torcedor merengue (e o brasileiro), o problema foi exposto no jogo em que mais se esperava do camisa 28: El Classico contra o Barcelona, no Santiago Bernabéu, casa do Real Madrid.


No primeiro tempo, o atacante perdeu um caminhão de gols. Chutes fracos, mascados, por cima do gol. Vinícius é um excelente garçom, mas péssimo matador. E como essa situação pesou, na última quarta-feira (27), no confronto decisivo da semifinal da Copa del Rey. Os primeiros 45 minutos poderiam ter sido, facilmente, 4 a 0 para o Madrid. O duelo terminou em 3 a 0, para o Barcelona.


Recentemente, o jornalista Roberto Avallone, em sua última coluna antes de falecer, comentou que os clubes brasileiros deveriam ter treinadores de atacantes, assim como existem com os goleiros. A prática já é comum na Europa. Miroslav Klose, maior artilheiro de todas as Copas do Mundo, assumiu a função na seleção alemã durante o Mundial de 2018. Anteriormente, Tony Yeboah, que chegou a ser artilheiro da Bundesliga (Campeonato Alemão), desempenhou a mesma função entre os alemães, em 2014. Luc Nilis, histórico atacante belga e do PSV, atuou no cargo pelo clube holandês.


Quantos artilheiros o Brasil revelou atualmente? Gabriel Jesus? Gabigol (que falhou na Europa)? Felipe Vizeu (bateu na Itália e voltou para o Grêmio)? Vamos ser realistas. Os grandes atacantes do futebol brasileiro foram da geração passada e caminham para a aposentadoria. Ricardo Oliveira, Fred, Vágner Love, Diego Tardelli, Jô, Jonas... Pablo, que teve uma boa temporada no Athletico Paraense, talvez, seja um intermediário nessa trajetória (tem 26 anos).


Os grandes atacantes da nova geração se aprimoraram no Velho Continente. Entre os maiores expoentes, Roberto Firmino e Richarlison. E nenhum dos dois é taxado de camisa 9. O primeiro, era desconhecido no Figueirense, se aprimorou no Hoffenheim e virou astro no Liverpool. O outro, saiu cru do América-MG para o Fluminense, onde pouco tempo durou. Cresceu muito no Watford e virou destaque no Everton, sempre na mão do português Marco Silva.


Vinícius Jr. contra o Barcelona, me lembrou um outro jovem habilidoso, mas que não sabia marcar gols: Robinho. O torcedor santista vai lembrar bem o trabalho feito por Emerson Leão, durante dois anos, para que o camisa 7 aprendesse a chutar. A situação do Rei das Pedaladas só melhorou em 2004.


O ex-flamenguista vai aprender, na Espanha, a finalizar. Agora, os clubes brasileiros precisam aprimorar, e na base, os seus atacantes. Talvez, os times estejam, mesmo, precisando de um treinador de atacantes.


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