Viene, Sampaoli!

Técnico argentino deve assinar vínculo com o Peixe nos próximos dias; o que esperar da epopeia no Santos?

Por: Bruno Gutierrez  -  13/12/18  -  18:32
Jorge Sampaoli está fora do mercado desde que deixou a seleção argentina após a Copa do Mundo
Jorge Sampaoli está fora do mercado desde que deixou a seleção argentina após a Copa do Mundo   Foto: Instagram/Jorge Sampaoli

Jorge Sampaoli deverá ser o técnico do Santos. O clube anunciou o "aceite", mas ainda falta o contrato assinado para ser algo oficial. Isso deve ocorrer nos próximos dias. Como o seguro morreu de velho, vamos com calma antes de qualquer empolgação com a vinda do argentino. Mas, o que esperar de Sampaoli?


Se essa pergunta fosse feita em 2015, nesta mesma época, seria algo impensável. Afinal, o treinador era o mais badalado da América do Sul, muito cobiçado na Europa, tanto que, em 2016, assinou contrato com o Sevilla, da Espanha. Mas, o Sampaoli que pode chegar ao Alvinegro será o da seleção chilena ou o da seleção argentina?


Se vier o segundo, mau negócio. O "passe" de Sampaoli ficou mais barato. A tragédia na Copa do Mundo fez o valor do comandante despencar. O argentino classificou aAlbiceleste aos trancos e barrancos, sempre dependendo da inspiração de um Messi para ir à Copa do Mundo da Rússia.


No Mundial, um desastre. Uma falta de comando clara. Um empate sofrido com a Islândia e uma derrota para a Croácia colocaram Sampaoli em xeque. A partir daí, ele deixou de escalar a Argentina, que passou a ser montada de acordo com a vontade dos líderes do elenco. O técnico virou um espectador em um lugar privilegiado dentro da Copa do Mundo.


Mas, se for a versão chilena de Sampaoli, o torcedor santista pode esperar boas coisas. O Sampaoli clássico é fã do 3-5-2. Essa seria uma mudança brusca para um elenco que, há meia década, praticamente, atua em um 4-3-3. Não tão fácil de adaptar.


Em um time que teve falta de zagueiros durante o Campeonato Brasileiro, podemos esperar um dos emprestados, como Noguera ou Cléber Reis, ganhar espaço com Sampaoli. Um defensor mais pesado, centralizado, e dois com mais mobilidade, que possuam facilidade em encostar nos volantes ou laterais para a saída de jogo.


Nas pontas, é necessário que os jogadores sejam bons no apoio, na marcação e, principalmente, que tenham fôlego. Uma das principais válvulas de escape de Sampaoli era Mauricio Isla. Victor Ferraz teria essa capacidade? Talvez sim. Tanto que chegou a ser improvisado no meio de campo nesta temporada. Mas, sem Dodô, a lateral-esquerda volta a ser um dilema. Copete improvisado? É melhor nem pensarmos nisso.


Entretanto, o coração das equipes de Sampaoli é o miolo do meio campo. O trio que dá cadência e mobilidade aos 11 em campo. Esses três jogadores que funcionaram tão bem no Chile, e que não existiram na Argentina. Provavelmente, a Albiceleste foi um fracasso, em parte, pela ausência desse trio.


Na Argentina, com Biglia, Mascherano e Messi sendo sacrificado como terceiro homem de meio, a engrenagem não funcionou. Já o Chile, com Aránguiz, Vidal e Valdívia deu muito certo. E o importante: nenhum deles é aquele volante clássico, que só mata jogada. Com isso, ou o Alison aprende a ter uma movimentação e visão de jogo, ou esquentará o banco. Esse esquema, em contrapartida, favorece o estilo de jogo de Sánchez e Bryan Ruiz. Assim como Valdívia, o costarriquenho não tem explosão, mas tem qualidade de passe e visão de jogo. O uruguaio, que atua muito bem em um pêndulo entre defesa e ataque, estaria mais à vontade em campo, principalmente se seu companheiro na "volância" fosse alguém com mais traquejo no passe.


O ataque, geralmente formado por dois jogadores velozes. Não necessariamente um mais leve e um camisa 9 clássico. Mas, sim, dois jogadores de mobilidade e que finalizem bem. Vargas e Alexis Sánchez. Dí Maria (Dybala) e Aguero. Jogadores que flutuam em torno da área e que se alternam na hora de infiltrar a defesa adversária. Quem sabe Bruno Henrique e Derlis González?


Sem contar que o 3-5-2, por vezes, vira um 3-4-3, um 3-4-2-1 e até um 5-4-1, dependendo do jogo e da situação. Então, há muito o que se explorar dentro da filosofia de Jorge Sampaoli. Sem esquecer, claro, que ele vem da escola de "El Loco" Bielsa, de invenções e ofensividade.


O 3-5-2 é "adaptável" dentro do elenco santista. Principalmente se contratar um zagueiro, um volante e um ala-esquerdo. Mas, é preciso ter paciência. Em um mundo de 4-3-3 e 4-3-2-1, uma nova tática não será tão fácil de encaixar em pouco tempo. É preciso dar tempo a Sampaoli, sem deixar de analisar a evolução, para que o tempo não vire comodismo.


Em tempo: segundo o matemático Tristão Garcia, do site Infobola, para ser campeão brasileiro, é necessário que a equipe tenha uma média de 2 pontos por jogo. Sampaoli teve esse desempenho na Universidad de Chile e na seleção chilena.


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