Um baile argentino sobre os times brasileiros na América do Sul

Em oito duelos entre clubes dos dois países na temporada, são sete classificações dos nossos vizinhos

Por: Bruno Rios  -  11/12/20  -  10:44
Na história da Libertadores, o Boca tem 17 classificações e só três eliminações para brasileiros
Na história da Libertadores, o Boca tem 17 classificações e só três eliminações para brasileiros   Foto: Divulgação/Conmebol

Os clubes brasileiros não têm conseguido fazer frente aos argentinos nas competições sul-americanas da atual temporada. Se, em 2019, os oito confrontos entre times dos dois países na Copa Libertadores e na Copa Sul-Americana terminaram com quatro eliminações de cada lado, o cenário é tenebroso para o Brasil em 2020. Até o momento, foram oito duelos entre os dois países nesses torneios e uma sova dos vizinhos: sete eliminações nossas e uma deles. 


Clique e Assine A Tribuna por R$ 1,90 e ganhe acesso ao Portal, GloboPlay grátis e descontos em lojas, restaurantes e serviços!


O péssimo desempenho dos times brasileiros vinha desde antes da pandemia, com as precoces eliminações de Atlético-MG e Fortaleza na Sul-Americana, para Unión Santa Fé e Independiente. A primeira delas pode ser considerada vexatória, enquanto a segunda foi de dar dó, pois o time cearense levou o gol da eliminação na reta final da segunda partida. Depois do coronavírus, o que era ruim ficou pior. 


Ainda na Sul-Americana, veio a única classificação brasileira até aqui: do Bahia sobre o mesmo Santa Fé que superou o Galo. Mas, depois, o São Paulo caiu diante do Lanús no Morumbi com um gol nos acréscimos, o Vasco rodou contra o Defensa y Justicia em São Januário e os próprios baianos ficaram em situação complicada no segundo torneio continental, após perderem para o Defensa em Salvador - na semana que vem, o placar dos duelos entre os dois países pode subir para 8 a 1! 


E na Libertadores, não há choro nem vela. As oitavas de final proporcionaram três duelos entre times do Brasil e da Argentina e em todos eles levamos a pior. Atual campeão, o Flamengo sucumbiu diante do Racing, mesmo com um elenco muito mais forte e investimento pesadíssimo. Já o Athletico-PR bem que tentou, mas perdeu para o River Plate. E o Internacional fez o mais difícil: ganhou do Boca Juniors em La Bombonera no tempo normal, mas se despediu nos pênaltis. 


Alguns jornalistas atribuem parte desse fracasso nacional ao fato de o calendário argentino ser menos carregado que o nosso. Um exemplo foi que o River Plate, quando enfrentou o São Paulo ainda na fase de grupos da Libertadores, voltava a entrar em campo depois de seis meses sem correr atrás da bola em partidas oficiais, enquanto o Tricolor estava cansado após a retomada do Paulistão e o início do Brasileirão. O jogo em questão acabou 2 a 2, mas o River foi muito melhor em campo. 


O raciocínio até faz sentido, mas o fato é que o novo coronavírus afetou brasileiros, argentinos, uruguaios, russos, italianos, enfim, todo o mundo. O que torna a situação pior para o Brasil é que estamos perdendo de lavada e sem argumentos para contestação. Pode-se falar que o Boca não é mais aquele ou que o Racing tem um time fraco, mas ainda assim eles fizeram a festa. 


Essa discussão passa pelo modo como os dois países trabalham diferentes aspectos do futebol. Em geral, adversidades como expulsões ou lesões minam as forças de nossas equipes, enquanto servem como combustível aos rivais. Orçamentos limitados e elencos enxutos tiram do sério parte de nossos treinadores, enquanto despertam a criatividade dos clubes vizinhos. Há muito o que aprendermos com isso. Basta abrirmos os olhos e não ignorarmos mais este 7 a 1.
 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter