Tinha a esperança de que Neymar pudesse tirar alguma lição da fracassada tentativa de sair, a qualquer custo, do PSG. O atacante fez o possível (e quase o impossível) para a situação se tornar insustentável, de maneira que Nasser Al-Khelaïfi aceitasse negocia-lo.
Não deu certo.
O sheik, presidente do clube francês, é um sujeito turrão. Leonardo, novo dirigente, também. Eles bateram o pé. Tornaram a negociação a mais penosa possível para os pretensos compradores. O Barcelona, principalmente, se desgastou com boa parte do próprio elenco para viabilizar o negócio.
Não deu certo.
Neymar poderia ter aprendido. Afinal, seis meses antes, viu um companheiro, Adrien Rabiot, ser encostado por quase meia temporada. O desgaste e o dinheiro não são problemas para Al-Khelaïfi. Se precisar abrir mão da principal estrela para que uma mensagem seja dada ao mercado do futebol, ele o fará. Da mesma forma, Thomas Tuchel encostou Neymar. Sem ser relacionado no Campeonato Francês, sem ganhar ritmo de jogo, sem holofotes. Somente os tabloides escavando o desespero do brasileiro em sair do clube.
Tudo isso poderia fazer com que o atacante, após os amistosos com a seleção brasileira, voltasse com os pés no chão, a crista abaixada. Jogasse mais futebol e sumisse um pouco dos comerciais, noticiários e polêmicas. A conquista da Copa América sem sua presença, o fracasso na negociação, a geladeira dentro do próprio clube.
Era o choque de realidade ideal. Mas veio Tite... Sempre Tite...
O técnico da seleção brasileira deveria ser professor, mas virou um "segundo pai". E no seu filho preferido, ninguém mexe. Ninguém repreende. Mesmo que ele mereça. Na seleção brasileira, Neymar ganha afago e proteção do "cruel mundo real do futebol europeu".
E isso pode, novamente, estragar o "menino". Que de menino, já não tem nada. Já tem 27 anos. Com essa idade, Cristiano Ronaldo já era o melhor do mundo. Messi também. Ronaldinho, Kaká... Neymar, não. Existe quem pense que ele perdeu o bonde. Assim como Robinho.
Ao invés de aconselhar e alertar o atacante, Tite prefere exaltar. "Neymar é indispensável", "Neymar é Top 3 para mim", "Ele em condições é imparável". Tite fez errado. Tudo o que Neymar não precisa, neste momento, é um ego inflado.
Que os elogios não subam à cabeça do atleta, e que o choque de realidade vindo da França faça efeito para que ele reencontre o seu caminho no futebol.