Surto de covid-19 faz River Plate ir do bizarro ao épico na Libertadores

Equipe argentina ganha do Santa Fé com um meia improvisado como goleiro e nenhum reserva à disposição

Por: Bruno Rios  -  21/05/21  -  07:03
 Surreal: o meia Enzo Perez jogou improvisado como goleiro na vitória do River Plate sobre o Santa Fé
Surreal: o meia Enzo Perez jogou improvisado como goleiro na vitória do River Plate sobre o Santa Fé   Foto: Divulgação/Conmebol

Quem pode pagar o pato após isso tudo é o Fluminense, que vai a Buenos Aires na próxima semana encarar um River que contará com a volta de 15 jogadores pós-surto. A superação dos argentinos já entrou para a história, é fato. O que se espera é que eles também tenham aprendido uma lição: com a covid-19 não se brinca.


Por linhas tortas, o River Plate protagonizou na última quarta-feira (19) uma noite épica na Copa Libertadores da América. Com apenas 11 atletas aptos, nenhum reserva à disposição, 20 jogadores com covid-19 afastados e um meia de 1,77 metro improvisado como goleiro, o time argentino venceu o Santa Fé, da Colômbia, por 2 a 1, em Buenos Aires, e encaminhou a classificação às oitavas de final.


O final feliz dessa história mostra como é bom o trabalho do técnico Marcelo Gallardo, disparado o melhor técnico em atividade na América do Sul, mas não apaga as falhas dele e dos cartolas do clube e da Conmebol no episódio.


A primeira pisada na bola do River foi achar que o coronavírus não causaria esse tipo de estrago. Com o regulamento da Libertadores permitindo o registro de 50 atletas por time para evitar que surtos da doença aniquilem as equipes, é um absurdo a comissão técnica e os dirigentes do clube abrirem mão de enviar 18 nomes à Conmebol, inscrevendo só 32.


Mas, como cartola é tudo igual, a entidade que comanda o futebol sul-americano também tem sua culpa. Ao deixar claro que a competição não irá parar de jeito algum, a Conmebol joga contra o próprio produto e a Libertadores vira um salve-se quem puder.


Creio que a entidade acertou ao não permitir ao River o registro de um goleiro de última hora - os quatro arqueiros inscritos estão com covid-19 e o regulamento permite trocas devido a lesões graves -, mas só pela história chegar a esse ponto fica evidente que há algo errado nos protocolos sanitários e o surto argentino pode se repetir em qualquer outro time, sem controle algum.


Com essa tempestade formada, a partida contra o Santa Fé ganhou os holofotes pela bizarrice que o tetracampeão continental foi obrigado a protagonizar, em vez do que seria o motivo mais correto: a enorme capacidade técnica do River, que em condições normais poderia dar mais um show.


Mas, ainda assim, a equipe argentina foi a campo remendada e fez o impossível acontecer. Logo de cara, um acerto de Gallardo, que ordenou a seus 10 atletas de linha pressão total sobre a defesa colombiana e colheu rapidamente os frutos. Antes dos seis minutos, já estava 2 a 0 para o River.


A partir daí, entrou em cena outra parte do que havia sido combinado nos dias anteriores: um sistema defensivo mais fortalecido para administrar a vantagem no placar e evitar ao máximo que os chutes do Santa Fé atrapalhassem a vida de Enzo Perez no gol. Além de não ser do ramo, o meia estava lesionado e por isso virou o goleiro. Deu certo e ele só levou um gol, na etapa final, ajudando o clube argentino a vencer a partida e assumir a liderança do Grupo D da Libertadores, com 9 pontos.


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