Santos tem de jogar limpo com o novo técnico

Sucessor de Jorge Sampaoli precisa estar ciente das limitações financeiras

Por: Heitor Ornelas  -  20/12/19  -  17:47
  Foto: Ivan Storti/Santos FC

O presidente José Carlos Peres acerta ao se esforçar para trazer um técnico que fuja do lugar comum, muito provavelmente do exterior. Se com Jorge Sampaoli foi assim e deu certo, por que mudar agora? Contudo, ao buscar um profissional em outras praças, o que em tese exige investimento maior, a diretoria do Santos precisa jogar limpo e mostrar ao profissional a realidade do clube. Nada de ilusões e falsas promessas.


Peres passou boa parte do ano dizendo que 2020 será difícil por causa do alto investimento em contratações de 2019 – entre R$ 70 milhões e R$ 80 milhões. Sendo assim, o que pode ser oferecido ao futuro treinador? Além disso, para equilibrar o caixa, a diretoria conta com a venda de atletas, o que enfraqueceria ainda mais um elenco que já perdeu Gustavo Henrique, Jorge e Victor Ferraz e que pode vir a encarar outras baixas.


A necessidade de expor a realidade ao treinador fica ainda mais evidente quando lembramos da passagem de Sampaoli. Em uma de suas primeiras entrevistas, ele lamentou a saída de jogadores como Gabigol e Bruno Henrique e declarou que não havia sido informado sobre a situação que forçava a diretoria a abrir mão de jogadores. Daí em diante, a relação do treinador com José Carlos Peres azedou de vez, com alfinetadas frequentes por parte do argentino.


E aí surge um outro lado da história. Uma vez definido o treinador, é preciso não só contar toda a verdade como estabelecer parâmetros e limites. Afinal, não é possível passar mais um ano vendo o treinador cornetando o presidente na frente de todos.


Diante de todo esse panorama, dificilmente o novo treinador vai poder abrir mão dos jogadores da base. Se há valores prontos para jogar no time de cima é outra história, mas quem vier tem ao menos de procurar bem e insistir com garotos que possam apresentar bom desempenho e, no futuro, serem negociados.


Afinal, a venda de revelações é a principal fonte de renda do Santos e da maioria dos clubes brasileiros (infelizmente!). Robinho, Diego, Neymar e Paulo Henrique Ganso fizeram história não apenas em campo, mas também fora dele, com os milhões que deixaram para os cofres santistas.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter