Passadas cinco rodadas do Campeonato Brasileiro, o Santos não faz feio. O sexto lugar, com 7 pontos, é melhor do que se poderia esperar, dada a avalanche de problemas fora de campo. Na verdade, além de atuar para apagar incêndios criados pela diretoria, Cuca ainda precisa lidar com o legado deixado por Jesualdo Ferreira.
Embora tenha sido prejudicado pelos calotes da administração santista, e mesmo tendo tido uma postura correta, o português foi muito mal na Vila Belmiro. Ele transformou um time fogoso, que jogava a 100 km/h e que terminou o Campeonato Brasileiro em segundo lugar, numa coisa fria, frágil e morosa, que tinha dificuldade de sem impor em campo mesmo contra adversários mais frágeis.
Mas o estilo de Jesualdo Ferreira é esse, ele vê o futebol de outra maneira, mais cadenciada e cautelosa, dirão alguns. Sendo assim, o pior erro foi a escolha, e não o escolhido.
Desde sua chegada, e pelos próximos meses, Cuca vai ter de reformular a ideia de time brigador no Santos. E isso passa pela recuperação de Carlos Sánchez, o melhor jogador do time nos últimos dois anos. A queda de produção do uruguaio é nítida, e as seguidas substituições comprovam o mau momento. Cuca está certo em tirar quem não está bem, mas, considerando a falta de opções no banco de reservas, é mais fácil ele trabalhar para reanimar Sánchez do que esperar grandes atuações dos garotos – ainda muito inexperientes – ou de Jean Mota, por exemplo.
Carlos Sánchez foi um com Sampaoli e outro com Jesualdo. Cuca, que trabalhou com o uruguaio em 2018, tem experiência suficiente para tentar resolver o problema. Sánchez está sentindo o peso da idade - tem 35 anos? Cansou dos atrasos nos pagamentos e perdeu a motivação? Todas essas razões são justas e merecem atenção. Por outro lado, para continuar com prestígio e lugar no Santos, o jogador vai ter de digerir os contratempos e voltar a jogar o que jogou até o final do ano passado.
No domingo, o Santos recebe o Flamengo na Vila Belmiro. Trata-se do adversário contra o qual o time santista fez sua última grande exibição. Por mais que o Flamengo já fosse campeão por antecipação, os 4 a 0 do ano passado foram emblemáticos. Com seus melhores atributos, o Santos carimbou a faixa dos cariocas e fechou a temporada com dignidade, ainda que sem nenhum título.
O duelo com o Flamengo é uma grande oportunidade. Afinal, os cariocas vêm mal, com um técnico que não tem nada a ver com o antecessor e que, por ora, se mostra incapaz de dar sequência ao grande trabalho – olha a coincidência! É hora de dar uma resposta após a derrota para o Palmeiras.