Passadas dez rodadas do Campeonato Brasileiro, o Santos ocupa a vice-liderança, com três pontos a menos do que o Palmeiras. Em tese, tem 28 rodadas para virar o jogo e, no final do ano, comemorar um título que seria histórico. Afinal, seria a vitória do tostão contra o milhão de palmeirenses e flamenguistas, que aparecem na terceira posição.
Mas isso não é tudo. Caso venha a terminar o Brasileiro na frente, o Santos reafirmaria a condição de grandeza indiscutível, de time que tem tradição em se superar. Desde já, aparecer entre os líderes é uma vitória, tantos são os problemas que o clube enfrenta.
A falta de dinheiro é o principal deles. Não chega a ser novidade – desde os tempos mais remotos é assim na Vila Belmiro –, nem exclusividade, uma vez que quase todos os times brasileiros estão falidos. Mas quando o treinador chega ao ponto de mandar e-mail para o presidente cobrando os atrasados, é porque a situação é delicada – Jorge Sampaoli pode ter passado da conta na cobrança, mas que o problema existe, existe.
Entretanto, resumir a dificuldade do Santos à questão financeira é ignorar toda a turbulência política que se arrasta desde o ano passado. Na semana passada, por exemplo, um empresário de jogadores e o presidente José Carlos Peres se desentenderam na porta da Vila Belmiro e o caso foi parar na polícia, com o dirigente acusando o agente de tentativa de extorsão. Isso sem falar em outros episódios ainda mais graves, que terminaram em prisão de funcionários.
O Santos não tem o elenco numeroso de Palmeiras e Flamengo. Mas também não tem mais Libertadores, Sul-Americana e Copa do Brasil no horizonte. As eliminações foram lamentadas, claro, mas a essa altura do campeonato ter um único foco pode fazer a diferença. Por isso, mesmo sem um time brilhante, mas com padrão de jogo sólido e muita determinação, o Santos tem condição – e por que não obrigação – de brigar até o final pelo título.