Sampaoli resgata a essência do futebol brasileiro

Argentino leva o Santos ao topo fazendo o time jogar do jeito que o torcedor gosta

Por: Régis Querino  -  31/07/19  -  00:05
Atualizado em 31/07/19 - 00:26

Nem o mais fanático torcedor santista poderia dizer, no início do ano, que o Alvinegro seria um dos candidatos ao título do Brasileirão. Com uma boa dose de fé, eu apostava que Jorge Sampaoli colocaria o time entre aqueles que poderiam surpreender em um torneio mata-mata.


Ironicamente, a equipe caiu nos três campeonatos disputados neste sistema ao longo da temporada. Na Copa Sul-Americana, a derrocada na primeira fase foi um vexame. A eliminação para o Corinthians no Paulistão, botando o rival na roda no segundo jogo da semifinal, aliviou a barra de Sampaoli.


O novo golpe na Copa do Brasil, diante do Atlético–MG, seria o prenúncio de um ano para se esquecer. Mas foi  o combustível para que o técnico argentino arregaçasse ainda mais as mangas  para fazer o elenco trabalhar dobrado durante a Copa América.


As três vitórias antes da parada e os três triunfos após a retomada do Brasileirão, somados à instabilidade palmeirense, deram ao Alvinegro a ponta da tabela. Que veio com crédito e aplausos, para espanto de muitos. Me incluo nessa turma.


O gringo vai pro muro?


A obstinação de Sampaoli em fazer o time não apenas ganhar, mas o fazer jogando bonito, ofensivamente, contagiou os torcedores. E vem rendendo merecidos elogios ao treinador de Norte a Sul do País. 
Ironia do destino, coube ao argentino resgatar a essência de jogo que fez do futebol brasileiro o melhor do mundo. E nove anos depois daquele  Santos de Dorival Júnior, de 2010, o time volta a encher os olhos dos santistas. E dos apreciadores do bom futebol.


Cedo, muito cedo ainda, para dizer se o trabalho de Sampaoli será coroado com o título nacional. Restando dois terços de Brasileirão, contra adversários qualificados, principalmente Palmeiras e Flamengo, o campeonato tem tudo para ser o melhor dos últimos anos.


Se o Santos, apesar do alto investimento feito na temporada, não pode se dar ao luxo de ter um elenco à altura desses rivais, é fato que Sampaoli deu ao time um padrão de jogo ainda não visto nas duas equipes.


Trocando peças, mas mantendo o bom nível de atuação, o argentino formou um Santos consistente. A liderança conquistada na 12ª rodada mostra isso, com os gráficos apontando a equipe em crescimento, mas ainda longe do idealizado pelo técnico.


Em um campeonato de fôlego como o Brasileirão, a regularidade é quase tudo. Ter opções no banco para mudar um jogo e o departamento médico esvaziado são outros fatores importantes, que até aqui contribuíram para o Alvinegro chegar ao topo.


Ver os principais rivais envolvidos em outras competições completa o leque favorável aos santistas, que tem em Sampaoli o seu maior trunfo. Com o argentino no banco (ou não, como no próximo domingo, contra o Goiás, quando ele cumprirá suspensão), o Santos passou de azarão a candidato.


Se sem conquistar nada o gringo já tem até bandeira na torcida, caso seja campeão, Sampaoli tem que ganhar lugar de destaque no muro do CT Rei Pelé.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter