Sampaoli passou do ponto nas cobranças

Por mais qualidades e razões que tenha, o treinador é empregado, não gestor do Santos

Por: Heitor Ornelas  -  13/07/19  -  22:54
  Foto: Ivan Storti/Santos FC

Jorge Sampaoli continua sendo a melhor notícia do futebol brasileiro em 2019. Com arrojo e determinação, além de um desprendimento raro no futebol brasileiro em matéria de treinadores, o argentino conseguiu fazer um time sem estrelas jogar em alto nível em boa parte da temporada. Nem por isso, porém, ele pode extrapolar nas cobranças à diretoria do Santos.


Treinador cobrando presidente? A ideia, por si só, é descabida. Mas, com boa vontade, e levando-se em conta os personagens, dá para aceitar. Desde que não se aja como Sampaoli tem feito. Ele acerta quando reclama de salários atrasados, mas erra ao lamentar a perda de Jean Lucas, um jogador comum que passou mais tempo no banco do que em campo. Já na questão Vila Belmiro x Pacaembu, ele tem o direito de opinar. Entretanto, a decisão final é da direção.


A maior falha, contudo, é a insistência nas queixas. E a forma também. Afinal, qual a finalidade de registrar em e-mail os pontos de insatisfação? Será que Sampaoli tem dificuldade de manter contato direto com José Carlos Peres?
Ao comentar o mal-estar, o treinador sustentou que age com boa intenção, pelo bem do Santos.


Acredito. Mas, ao alegar que na falta de dinheiro é preciso encontrar soluções criativas, ele não percebe que mandou um recado para si próprio. Se o clube não tem dinheiro para contratar reforços de peso, que em tese viriam para resolver, cabe ao treinador vasculhar a base, o sub-23 e o mercado "que cabe no bolso" para resolver as carências do time. Até porque, ele sabe o caminho das pedras. Afinal, fez Jean Mota jogar seu melhor futebol no Santos.


Outra missão importante para Jorge Sampaoli é fazer Cueva render. O peruano, uma aposta tão cara quanto arriscada, dado seu histórico negativo no São Paulo, até agora produziu muito pouco e já causou os primeiros problemas de indisciplina. 


Nessas horas de atrito com o treinador, Peres deve lembrar de um ditado popular no universo dos recursos humanos: nunca contrate alguém que você não pode demitir.


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