São Paulo erra ao dobrar a aposta em ídolos

Muricy Ramalho, novo dirigente, nunca foi fã de jogadores da base, nem ocupou cargo semelhante

Por: Heitor Ornelas  -  21/12/20  -  21:32
Atualizado em 21/12/20 - 22:20
Muricy Ramalho vai estrear como dirigente à frente de um São Paulo em jejum de conquistas
Muricy Ramalho vai estrear como dirigente à frente de um São Paulo em jejum de conquistas   Foto: Rubens Chiri/SPFC

O São Paulo troca de presidente, mas não troca de equívocos. Ao convidar Muricy Ramalho para ocupar cargo de gerência do futebol, Julio Casares, novo presidente, repete o populismo de Leco, que se despede deixando de herança uma dívida milionária e uma folha em branco de conquistas.


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Muricy é um dos maiores treinadores da história do clube. Mas, a exemplo de Rogério Ceni, que nunca havia treinado time nenhum até assumir o São Paulo, jamais atuou como dirigente. Trazê-lo apenas por causa de seu prestígio com o torcedor não é o melhor caminho, como a experiência com Rogério provou.


Além disso, Muricy chega com o clube em sérias dificuldades financeiras. Assim, não haverá muito dinheiro para contratações, como ele tanto gostava quando treinava o São Paulo – à época, era comum ouvi-lo dizer que o elenco era curto e precisava de reforços.


Tal qual faz em 2020, apostando com sucesso na base, o São Paulo vai precisar repetir o expediente no ano que vem. Mas Muricy nunca foi fã de trabalhar com revelações. O treinador sempre preferiu jogadores prontos àqueles que demandam paciência e muito acompanhamento.


Embora seja do mesmo grupo político de Leco, Casares sempre fez questão de dizer que vai tocar o clube de maneira diferente. Porém, as escolhas iniciais seguem o mesmo princípio. Até porque, além de Muricy, Zetti e até Kaká estão cotados para trabalhar no Morumbi. Qual o grande trabalho que eles fizeram fora de campo para serem lembrados? Só ser ídolo não basta.


Muricy pode se revelar um grande dirigente. Entretanto, até chegar lá, ele corre o risco de trilhar o mesmo caminho de Raí, que até começar a acertar como cartola exagerou na queima de cartuchos. Foram praticamente dois anos e meio de erros crassos até um bom fim de jornada. Nesse período, o São Paulo não perdeu apenas títulos, mas também dinheiro e prestígio.


Nos últimos tempos, com a grande evolução do time em campo, as críticas a Raí desapareceram. Só que não dá para esquecer as diversas manifestações dos torcedores pegando pesado com aquele que foi o maior jogador da história são-paulina. 


Muricy está pronto para ir a PQP no primeiro fracasso retumbante? A conferir.


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