A vitória do Santos sobre o Ceará, por 2 a 1, não seria possível se não fosse a precisão de Carlos Sánchez. Com dois cruzamentos milimétricos, ele colocou a bola na cabeça de Sasha e Gustavo Henrique, autores dos gols da virada.
Mas o talento para cruzar a bola na área não resume o uruguaio. Na verdade, o rol de virtudes de Sánchez é amplo. A começar pela postura aguerrida e comprometida com o time. Prestes a completar 35 anos, ele é um dos jogadores que mais correm não apenas no Santos, mas em todo o futebol brasileiro. Impressionante como ele tem fôlego e inteligência para defender, armar e concluir.
Mas Sánchez, longe de ser um gênio, às vezes joga mal. Em mais de uma ocasião, o técnico Jorge Sampaoli o colocou para jogar pela ponta, em outras o deixou na reserva. Só que o argentino logo percebeu que é difícil abrir mão de um atleta tão completo, ainda que em uma partida ou outra ele não seja capaz de entregar tudo o que pode.
O uruguaio chegou ao Santos no ano passado, após disputar a Copa do Mundo. Já estava consagrado pela boa passagem pelo River Plate, time no qual foi campeão da Libertadores, e muito provavelmente com a conta bancária gorda, após três temporadas no México. Entretanto, com a camisa santista ele mostra que não se contenta com o que passou e joga cada partida como se fosse uma decisão. O que deve ser ainda mais valorizado em tempos nos quais, principalmente no Brasil, o descompromisso de determinados atletas salta aos olhos. Cueva, Lucas Lima, Paulo Henrique Ganso e Alexandre Pato poderiam mirar nas atuações de Sánchez e tomá-las como exemplo.
O trabalho de Jorge Sampaoli à frente do Santos, com justiça, é digno de elogios. Pelo contexto, pela baixa qualidade do nosso futebol, pela defasagem dos nossos treinadores, pode ser apontado como a principal notícia do futebol brasileiro na temporada. Contudo, talvez ele tivesse mais dificuldade de colocar suas ideias em prática sem um jogador do nível de Carlos Sánchez.