Depois de quase dez dias de espera, o Santos desistiu de Abel Braga. Como o sonho com Muricy Ramalho tem pouca chance de se tornar realidade, dada a condição de saúde do treinador, já transformado em comentarista, a pergunta que fica é: quem vai ter coragem de encarar o desafio?
Salvo um acontecimento excepcional, dificilmente um treinador considerado do primeiro escalão vai topar assumir um time que vive dificuldades financeiras e precisa com urgência de jogadores bons – portanto caros – para começar a próxima temporada. Além de ganhar muito, um profissional consagrado vai querer contratações que, hoje, os cofres do clube não são capazes de viabilizar.
Nas redes sociais, que, exageros e ofensas à parte, servem como termômetro, os nomes de Roger Machado, Zé Ricardo e Dorival Junior são rejeitados, assim como alguns estrangeiros e outros treinadores ainda mais principiantes. Segundo muitos torcedores, eles e outros similares têm condição de fazer um bom trabalho no Santos. De fato, há opções melhores. Mas, na impossibilidade de acertar com Mano Menezes, Felipão e Pep Guardiola, é bom ter em mente que o próximo treinador não deve fugir desse bloco intermediário.
Na verdade, acertar no treinador é apenas uma das etapas que o Santos precisa superar. O mais importante será escolher jogadores cirurgicamente. Contratações equivocadas vão ter peso dobrado: além de atrapalhar o trabalho em campo, vão comprometer finanças já acidentadas. É preciso dar condição de trabalho ao treinador, seja ele quem for.
Na situação em que o Santos se encontra, começar o ano sem a Libertadores será positivo. O Campeonato Paulista e as primeiras fases da Copa do Brasil vão servir para que o time consiga se acertar rumo aos jogos decisivos. Desde que os nomes certos estejam nos lugares certos.