É sempre difícil resistir à tentação de fazer prognósticos após a rodada de abertura de uma competição, como a do Brasileirão, que começou no último fim de semana. As primeiras impressões que as equipes causam em uma hora e meia são capazes de provocar em comentaristas e torcedores um desejo de profetizar o destino final delas depois de 38 partidas. Mesmo tendo noção das muitas variáveis pelo caminho. É claro que dá para fazer alguma análise tomando cuidado para não cair em armadilhas. Fiquemos só nos quatro paulistas.
Talvez o único time para o qual dê para fazer uma previsão mais duradoura é o atual campeão Palmeiras. A goleada por 4 a 0 sobre o Fortaleza dá uma mostra do que esperar dos comandados de Felipão em casa diante de equipes cuja diferença de nível é mais gritante. Isso, claro, se eles não repetirem algumas atuações burocráticas que vimos em algumas partidas do Paulistão.
A força do elenco também será suficiente para manter uma consistência do Palmeiras até o fim, mesmo dividindo suas atenções com Libertadores e Copa do Brasil. Contra o Fortaleza, por exemplo, o astro Ricardo Goulart foi substituído por Zé Rafael, que marcaria dois gols. E tem o poderio financeiro, proporcionado em grande parte, claro, à sua principal patrocinadora. Isso vai permitir novamente ao clube fazer grandes contratações na próxima janela de transferências.
Só temos de ficar de olho em como o Palmeiras vai reagir em jogos de maior peso e à possível pressão em caso de maus resultados. Vimos recentemente que nem a ótima campanha na Libertadores bastou para conter a ira da torcida após a eliminação no Paulistão, torneio no qual o time jogou cinco clássicos e só ganhou um.
Santos
O Santos conseguiu uma excelente vitória fora de casa sobre o Grêmio, um time com um trabalho consolidado há bem mais tempo e que certamente brigará, pelo menos, por vaga na Libertadores. Mas o time ainda se mostra muito dependente do fator Sampaoli.
Às portas do mês de maio, a equipe ainda não tem um jogador realmente decisivo, o que talvez explique a obsessão por Ricardo Oliveira. E é aí que entra a incrível capacidade do técnico argentino de extrair algo mais dos atletas.
Mas não é sempre que ele conseguirá isso e uma prova foi a derrota para o Vasco na semana passada (24), pela Copa do Brasil, em que o time jogou muito mal. Vamos ver até onde vai o elenco desse Santos num campeonato tão longo.
Corinthians
O Corinthians vem de uma surpreendente derrota por 3 a 2 para o Bahia. Surpreendente pelo número de gols sofridos. Nenhuma equipe havia conseguido balançar as redes do time três vezes este ano. Depois daquela vitória por 4 a 2 sobre o Avenida, em 20 de fevereiro, pela Copa do Brasil, nenhuma outra equipe conseguiu fazer sequer dois gols na defesa formada por Henrique e Manoel.
É preciso levar em conta também que o Corinthians teve desfalques importantes e veio de uma semana puxada, com final de Paulistão e decisão de vaga na Copa do Brasil com a Chapecoense.
Mas mesmo com todos esses atenuantes, o futebol da equipe ainda não convenceu. Individualmente, os jogadores do meio para a frente, que deveriam ser mais decisivos, ainda se mostram muito irregulares. Sem falar que o esquema de Fabio Carille, que sempre priorizou o sistema defensivo, não vem se mostrando tão eficaz.
São Paulo
Aqui talvez nós vejamos algo similar ao que acontece no Santos. O São Paulo aposta bastante no quanto o técnico Cuca poderá tirar desse elenco. O que pode tornar as coisas um pouco menos difíceis para ele em relação a Sampaoli é o fato de seu elenco ser um pouco mais qualificado.
Depois de um início de ano terrível, o time se ajustou, conseguiu ser vice no Paulistão, o que não é pouca coisa para um time que quase foi eliminado e começou o Brasileiro sem fazer muito esforço para derrotar um combalido Botafogo.
Embora isso não conforte nem um pouco sua torcida, o fato de ter sido eliminado na fase pré da Libertadores pode ser benéfico. Cuca assumiu o São Paulo no início de abril, ainda está conhecendo seu elenco, ganhou três reforços que só puderam estrear no Brasileirão. Com o tempo veremos se ele aproveitará bem os dias a mais de treino que ganhou sem jogos pela competição continental.