Paulista vale mais que Libertadores
Nível técnico baixo faz estadual ser mais disputado do torneio continental no futebol feminino
O Campeonato Paulista vale mais que a Copa Libertadores da América.
Isso mesmo que você acabou de ler.
Em quase todo contexto, a frase parece absurda. Mas, quando falamos do futebol feminino, nada poderia ser mais correto. O Santos é uma grande equipe no futebol feminino? Claro. Emily Lima fez um trabalho brilhante ao longo do ano com as Sereias da Vila? Com certeza. Porém, quem assiste aos jogos do torneio continental, disputado em Manaus, se decepciona com fraco nível técnico das adversárias santistas.
Nem o Iranduba, que arrastou multidões para a Arena da Amazônia e despontou como uma grata surpresa no futebol feminino - um verdadeiro respiro para a categoria que é tão maltratada pelos cartolas, jogou um bom futebol até aqui. Em primeiro lugar está o Santos, depois, vem o resto.
Sem o pachequismo ou torcida, as Sereias da Vila já são campeãs sulamericanas. E com muitos méritos. Uma pena que o torneio, que deveria ter a mesma importância que tem entre os homens, seja tão desprezado pela confederação que organiza. Mas, se tratando de Conmebol, não é algo que surpreenda. E uma conquista "fácil", com goleada em cima de goleada, não diminui o feito das Sereias e de Emily Lima. O desejo era que todos os times tivessem o mesmo nível que o Santos.
Mas vamos voltar a lembrar do Campeonato Paulista, onde as Sereias também ficaram com a taça. Lembremos dos duelos complicados contra Rio Preto e o clássico contra o Corinthians, onde o título veio com um empate sofrido, fora de casa. Aquilo, sim, é futebol feminino. Jogos duros, equilibrados, que dá gosto de ver.
E no Brasileiro, o Peixe caiu na segunda fase, depois de dois duelos contra (o também paulista) time da Ferroviária. A final do torneio nacional, entre Corinthians (campeão) e Rio Preto (vice), deixam claro que o Paulista é o torneio a ser valorizado.
De consolo, fica saber que o Santos estará na Copa Libertadores de 2019, e que terá o Corinthians, atual campeão brasileiro, pela frente. Pelo menos, teremos dois times fortes em campo, e que provalvelmente farão a final caso a Conmebol não mexa os pauzinhos, como está acostumada a fazer.
Por fim, fica a lição para a Conmebol. Não adianta obrigar clubes que disputam o torneio masculino a ter o futebol feminino, se estes só vão criar times para não serem excluídos da competição. É preciso investimento, é preciso divulgação, é preciso ter vontade em fazer o futebol feminino vingar. Assim como tem vingado no futebol paulista.
