O poço do Madrid é fundo

'Final da temporada' em março é só a ponta de um grande iceberg chamado Florentino Pérez

Por: Bruno Gutierrez  -  07/03/19  -  18:12
Gareth Bale está no Real Madrid desde 2013
Gareth Bale está no Real Madrid desde 2013   Foto: JAVIER SORIANO / AFP

O melancólico fim de temporada do Real Madrid, ainda em março, retrata só o topo de um poço profundo que é o clima interno do clube espanhol. E esta é, talvez, a maior crise dentro dos merengues em uma gestão Florentino Pérez, a peça central de todo o problema madridista.


O jeito pretensioso e arrogante de Florentino, como alguém irredutível em suas ideias e que pouco escuta quem está ao seu redor, desgasta qualquer um. Entrou em choque direto com alguém com um ego tão grande quanto o seu, quando teve Mourinho no comando, trucidou o "fraco mentalmente" Rafa Benítez e viveu entre amores e ódios com Zinedine Zidane.


A postura do mandatário espanhol após a eliminação na Uefa Champions League foi típica de muitos cartolas brasileiros. "Eu ganho, nós empatamos, vocês perdem". Incomodado com vexatória queda para o modesto Ajax, da Holanda, Pérez chegou ao vestiário com pompa, culpou os jogadores, eximiu Santiago Solari (o seu pararraios).


Encontrou pela frente Sergio Ramos, capitão e líder de um gigante amargurado. O zagueiro espanhol rebateu, falou que já havia avisado, no ínicio da temporada, que era preciso contratar um atacante (saudades, CR7) e que a culpa não era só dos atletas. Florentino ameaçou escorraçar o capitão do clube. Recebeu como resposta algo como "me pague o que resta do meu contrato e eu saio de cabeça erguida".


Depois, foram colocados panos quentes. Segue o jogo. É necessário arrumar a casa e preparar o terreno para a próxima temporada. Agora, resta se segurar entre os quatro primeiros para garantir a vaga na próxima Champions. Somente isso. E Florentino Pérez fará de tudo para compensar no futuro e tentar apagar qualquer traço de culpa pela má fase.


Álvaro Benito, ex-jogador do clube e técnico na base madridista tem a mesma opinião que este colunista: teria que contratar Jürgen Klopp. O alemão deu um jeito no bagunçado Liverpool que, hoje, luta pelo título inglês. Um tabu difícil de ser quebrado.
Mauricio Pochettino sempre é especulado no Madrid, mas o Tottenham é, historicamente, um clube difícil de negociar.


Florentino se apega a dois nomes: José Mourinho e Zinedine Zidane. Mas, as experiências com retornos de técnicos ao Madrid não costuma a ser positiva. Talvez, o que teve mais sucesso foi Fabio Capello, com um título nacional em cada uma das passagens. Se tiver que escolher entre os dois, ainda ficaria com o francês, que enxergou, junto com Ronaldo, o caminho para onde o Real seguia. Optou por mudar o curso pessoal antes de afundar com barco.


Elenco


Entre os atletas, podemos esperar muitas mudanças. Florentino Pérez tem um prazo de validade: 7 anos. Na primeira passagem do dirigente espanhol, os sete anos marcaram o fim da linha para astros. E nem Raul sobreviveu ao corte:Hierro, Figo, Cannavaro, Salgado, Guti, Casillas... Todos pelo mesmo caminho, fora do clube.


Desta vez, a figura principal é Bale. Muito custo, muitas lesões, pouco brilho. Ainda que tenha sido fundamental em jogos na última temporada, nunca foi a estrela que prometia ser. Na esteira do galês devem seguir Isco, Marcelo, Benzema e, talvez, Tony Kroos.


Florentino, novamente, irá abrir o cofre. Kane é o principal alvo. Hazard também está no radar espanhol para ajudar Modric na criação. Militão já está acertado, mais um zagueiro ainda deve vir. E também um lateral para a vaga de Marcelo, que deve ir para a Juventus reeditar a dupla com CR7. Além disso, mais um meio-campista deve chegar.


Além disso, existe a obsessão de Florentino Pérez por trazer o astro do momento: fez isso com Figo quando se elegeu pela primeira vez. Repetiu a dose ao trazer Cristiano Ronaldo. Agora, a bola da vez Mbappé, do PSG. Será?


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