Ninguém aguenta Jorge Sampaoli

Capacidade do treinador é proporcional ao seu temperamento difícil

Por: Heitor Ornelas  -  13/12/19  -  18:26
Atualizado em 13/12/19 - 18:35
  Foto: Ivan Storti/Santos FC

José Carlos Peres, presidente do Santos, pode ter dado todos os motivos para Jorge Sampaoli ir embora. Não seria novidade. O dirigente trava embates com treinadores e executivos de futebol desde que assumiu o clube. No entanto, no caso do argentino, tampouco é possível ignorar seu histórico de controvérsias.


Sevilla, Chile, Argentina... Só para ficar nos casos mais famosos, Sampaoli teve saída similar à verificada no início da semana. Depois de fazer o time jogar bem e ser respeitado, ele cobra, exige e, não raro, extrapola. A crise na seleção argentina é o melhor exemplo. Após largar o Sevilla no meio do caminho e criar a expectativa de reviravolta ao lado de Messi e Agüero, o treinador criou um clima tão ruim que quase foi demitido no meio da Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Pelos relatos da época, os jogadores chegaram a se reunir e a tomar decisões sem a presença de Sampaoli. Um fiasco absoluto.


Em tese, a permanência de Sampaoli no Santos fortaleceria ainda mais um time que, mesmo não tendo conquistado títulos em 2019, deixou a impressão que poderia crescer ainda mais na próxima temporada. Entretanto, na prática não havia mais clima. As divergências com Peres se arrastaram ao longo do ano, e a corda só não arrebentou mais cedo por milagre.


Agora, o treinador é a bola da vez no Palmeiras. Enquanto este texto era escrito, o acerto não estava definido. Contudo, caso venha a assinar contrato com o clube alviverde, o argentino precisa ter em mente que vai encontrar um ambiente diferente por lá. Derrotas por goleada para times pequenos no Paulista – como no caso do 5 a 1 para o Ituano – ou eliminações diante de arquirrvais – como aquela frente ao Corinthians, também no Estadual – vão cobrar um preço mais alto.


Na verdade, se for para o Palmeiras, Jorge Sampaoli terá uma única missão: ganhar a Libertadores e roubar do Flamengo o protagonismo no futebol nacional. O ano que está prestes a terminar deixou isso bem claro. Felipão e Mano Menezes caíram porque não conseguiram fazer o Palmeiras enfrentar os cariocas em condição de igualdade.
Quanto ao Santos, o próximo técnico precisa ser alguém que siga a linha de Sampaoli dentro de campo, com postura ofensiva. Fora dele, porém, será necessário um profissional menos personalista. Além, é claro, de uma conduta mais correta e profissional do presidente santista.


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