Neymar é como o presidente Jair Bolsonaro. Quando parece que ele já foi longe o bastante e não é possível fazer ou dizer algo pior, vem a surpresa. A acusação de estupro a uma garota brasileira em Paris joga mais lenha na fogueira que incendeia a imagem do jogador. Tudo isso às vésperas de uma Copa América que será realizada no Brasil em menos de duas semanas.
Diante de um cenário tão negativo, fica a pergunta: como estará a cabeça de Neymar para a disputa da competição? Será que ele vai conseguir jogar tudo o que sabe? A rejeição a ele, mesmo entre os torcedores brasileiros, já era grande antes do mais recente escândalo. A última Copa do Mundo, no ano passado, e todas as polêmicas e deboches que vieram com ela por si só viraram um obstáculo a mais para o atacante driblar. Para piorar, o final da temporada europeia, com derrotas, contusões, suspensões e a agressão ao torcedor na França tornaram a situação praticamente insustentável.
Não cabe aqui julgar se Neymar é culpado ou inocente da acusação de estupro, ou ainda se a suposta vítima é na verdade a causadora de todo o barulho. Essa atribuição é da polícia. Mas o que dá para dizer é que o jogador cometeu um erro estratégico ao divulgar as conversas que manteve com a garota pelo celular. Na tentativa de mostrar que a relação entre ambos em nada sugeria abuso ou qualquer coisa do gênero, ele acabou expondo a intimidade de alguém sem autorização. Não por acaso, a polícia investiga a questão à parte da acusação de violência sexual.
Como se vê, futebol foi para segundo plano no cotidiano de Neymar. Parece até o presidente da República, que deixa a recuperação econômica e os inúmeros problemas sociais do Brasil de lado para, em primeiro lugar, se ocupar de disputas ideológicas, inimigos imaginários e até golden shower.