Neymar é o maior pós-Pelé?

Para revista, no Brasil, depois do Rei vem ele. Depende dos critérios

Por: Alexandre Fernandes  -  14/02/19  -  01:41
Atualizado em 14/02/19 - 01:45

Em meio a tantos portais, redes sociais, podcasts, webradios e outras mídias digitais, é sempre muito bom quando o jornalismo impresso chama atenção. E a tradicional revista esportiva Placar fez um barulho enorme com uma edição especial sobre os 10 anos de Neymar como jogador profissional. O que chamou atenção foi a provocativa linha fina, que o descreve como o "maior jogador brasileiro pós-Pelé". Foi o suficiente para milhões de brasileiros, famosos ou anônimos, darem seus palpites.


No Twitter, que eu acompanho mais, a maioria das pessoas que sigo que opinou sobre o assunto discorda. Os nomes que, para eles, estão à frente de Neymar são mais ou menos aqueles de sempre. Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Romário, Rivaldo, Kaká e Zico foram os mais citados. Os critérios foram os mais variados. Títulos importantes na carreira, prêmios individuais ou o talento pura e simplesmente.


Pessoalmente, se levarmos em consideração apenas o fator campo, acho que o maior brasileiro pós-Pelé foi Ronaldo. Tinha uma agilidade fora do normal, mesmo na fase final da carreira, bem acima do peso ideal. Foi eleito o melhor do mundo três vezes e liderou a Seleção Brasileira na conquista de uma Copa do Mundo improvável em 2002, quando a equipe vinha de péssimos resultados e o jogador de uma lesão gravíssima no joelho.


Desses atletas mais citados, o único que não ganhou uma Copa foi Zico. Para mim, ele não está acima de Neymar, mas entendo quem pensa o contrário. Mesmo sem títulos importantes na Seleção, foi por muitos anos o segundo maior artilheiro, ficando só atrás de Pelé. Além disso, tem três títulos brasileiros (quatro para os torcedores do Flamengo que contam a Copa União de 1987). Neymar, por exemplo, não tem essa conquista.


Falando nisso, em 2012, muita gente detonou a própria revista Placar, que havia proclamado Neymar hors concours no prêmio Bola de Prata, uma honraria só concedida a Pelé. Afinal, segundo esses críticos, como poderia um jogador que não havia sido campeão brasileiro nenhuma vez ser hors concours de uma premiação dada aos destaques dessa competição? Mas, para a revista, o então atacante do Santos já era um fenômeno. Aos 20 anos, tinha títulos importantes no currículo, como uma Libertadores, uma Copa do Brasil e um Sul-Americano pela seleção sub-20.


Enfim, sobre o que Neymar faz dentro de campo, vai de cada um achar se ele é realmente o melhor pós-Pelé. Agora, se levarmos em consideração a personalidade do esporte que o atacante se tornou, aí, não há dúvidas. Neymar é um Pelé de sua época. E isso desde os tempos de Santos.


Até o garoto surgir, nunca tínhamos visto algo parecido no futebol brasileiro. O CT do Santos recebeu um sem número de repórteres de vários cantos do mundo, o ex-craque holandês Ruud Gullit e até Kareem Abdul-Jabbar, um dos maiores nomes da história da NBA. Todos vieram à Cidade para ver Neymar. O time inteiro do Peixe foi chamado para dar entrevista no Programa do Jô. Fora os inúmeros comerciais de TV estrelados pelo craque, participação em novela... A Era Neymar no Santos como uma beatlemania.


Depois que foi para o exterior, o atacante continuou atraindo os flashes como um autêntico popstar. É amigo pessoal do tetracampeão de Fórmula 1 Lewis Hamilton e do bicampeão mundial de surfe Gabriel Medina, já se encontrou várias vezes com ídolos do basquete como Michael Jordan e LeBron James, só para citar alguns.


É bem verdade que Neymar tem um estilo polêmico e não preserva sua imagem com o mesmo cuidado que Pelé teve quando jogador. Algumas atitudes reprováveis do atacante dentro e fora de campo são levados em conta por quem não gosta dele. Mas mesmo quando se auto-sabota, como nas simulações durante a Copa do Mundo da Rússia, vemos como Neymar ficou grande. O mundo todo falou disso, faz piadas e memes até hoje. Isso não é para qualquer um. No caso de brasileiros, só para Pelé e Neymar.


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