Não existem mais jogadores líderes

Ausência de voz ativa reflete uma geração sem personalidade

Por: Heitor Ornelas  -  21/06/19  -  21:52
Atualizado em 21/06/19 - 22:04
Ninguém pode negar que Casemiro e Philippe Coutinho são talentosos, mas falta liderança
Ninguém pode negar que Casemiro e Philippe Coutinho são talentosos, mas falta liderança   Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Ainda que jogue um futebol apenas razoável, a Seleção Brasileira tem ótimos jogadores. Ninguém pode negar que Philippe Coutinho, Thiago Silva, Alison, Daniel Alves e Casemiro são talentosos. Talvez, o problema seja a falta de um líder em campo, capaz de cobrar os colegas nos momentos de acomodação e de incentivá-los nas adversidades.


Entretanto, será preciso esperar sentado até que surja um novo Zito ou mesmo um novo Dunga. Há tempos os times e as seleções não contam com vozes atuantes dentro das quatro linhas, e nada indica que alguma mudança nesse sentido ocorrerá. A figura do capitão perdeu a força quase que por completo.


Mesmo enfrentando dificuldades financeiras desde muito nova, a maioria dos jogadores entra em uma redoma tão forte quando começa a ganhar destaque que perde muito do contato com a realidade. Dirigentes, empresários e assessores fazem de tudo para que críticas e cobranças não cheguem a seus clientes. E, assim, o amadurecimento fica comprometido.


Também não adianta querer cobrar liderança de um atleta simplesmente porque ele joga demais. Uma coisa é talento, outra é personalidade. Neymar, Messi, Philippe Coutinho e tantos outros esbanjam capacidade, mas, por diferentes razões, já demonstraram que conduzir a equipe não é com eles. Já Cristiano Ronaldo, apesar da vaidade, e Felipe Melo, por vezes destemperado, fazem o papel do treinador em campo.


A própria realidade inibe o surgimento de lideranças. Em tempos nos quais a vida parece um reality show, em que tudo vaza, tudo se torna público, muitas vezes de forma distorcida, alguém que tenha o hábito de pôr o dedo na ferida fica fragilizado pela exposição, mesmo com boa intenção. Dessa forma, é melhor aceitar que o que passou, passou.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter