Marta é exemplo para craques malas

Em 1994, no auge de sua popularidade, Romário dizia que, por ter sido escolhido por Deus para vir ao mundo ser o “Pelé da grande área”, não precisava treinar nem jogar com dedicação. Alguns anos depois, Ronaldo e Adriano chegavam a uma Copa do Mundo com 100 kg por total falta de comprometimento com a Seleção. Isso sem falar em Neymar, cujas recentes controvérsias e amargas consequências ainda estão mais vivas na memória de todos.

Do outro lado da moeda, está Marta. Principal referência do futebol feminino, premiada como poucas, ela deu exemplos definitivos na Copa do Mundo. Não exatamente por ter chegado ao 17º gol na história da competição e virado a maior artilheira, mas, sim, pela seriedade e comprometimento com que vestiu a camisa da seleção brasileira.

Veterana e recém-saída de problemas físicos, a brasileira levou a competição a sério e em nenhum momento demonstrou ter privilégios em relação às colegas. Além disso, na derrota para a França, que tirou o Brasil da disputa, ela fez tudo o que estava ao seu alcance. Se não tinha condição de ser decisiva como em tantas ocasiões, atuou recuada, ajudando na marcação. Dá para imaginar Romário ou Ronaldo em papel semelhante?

Quem não é fã de Marta pode alegar que os chamativos batons que ela usou nas partidas são o contraponto de uma postura séria e voltada aos objetivos coletivos. Pode até ser, mas trata-se de uma conduta aceitável diante do conjunto da obra. Além disso, não foi nada que desviasse o foco.

A lição que nossa camisa 10 deixa não está no visual, e sim nas atitudes. O desabafo ao final da derrota para as francesas, alertando as jogadoras mais jovens que a caminhada no futebol feminino é dura e que somente quem se dispuser a sacrifícios vai conseguir se firmar, é motivo de orgulho.

Que as celebridades milionárias do futebol masculino possam refletir.