Foi vexame, sim!

Minimizar uma eliminação para o River do Uruguai numa primeira fase é ignorar a grandeza do Santos

Por: Alexandre Fernandes  -  27/02/19  -  23:26

O técnico do Santos Jorge Sampaoli adotou a linha do "vida que segue". "Eliminação incomoda, mas isso continua", disse ele. Num tom similar, o presidente do clube, José Carlos Peres, falou das competições que são tratadas por ele como prioridade, a Copa do Brasil e o Brasileirão. Mas o volante Carlos Sánchez não quis de dourar a pílula: "Peço desculpas porque foi um fracasso".


Uruguaio como o modesto River Plate, o experiente jogador de 34 anos sabe o quanto significou para esse time eliminar na Copa Sul-Americana um clube com tanta história internacional; um clube com um técnico renomado, que há menos de um ano estava numa Copa do Mundo; e com jogadores que já ganharam esse torneio, como o próprio Sánchez em 2014, no River Plate argentino.


O volante santista sabe melhor que nós a realidade do futebol de seu país. Uma das matérias do repórter Bruno Lima sobre o River publicadas em A Tribuna On-line, antes do jogo de ida contra o Santos, em Montevidéu, mostrou que a equipe só havia feito seis amistosos em 2019, com resultados inexpressivos. Antes do jogo de volta, ele entrevistou o técnico Jorge Giordano, que tratou uma possível classificação como "o maior feito de nossa história".


O fator econômico também dá uma boa dimensão do tamanho do vexame. Na terça-feira mesmo (26), logo após o empate por 1 a 1 no Pacaembu, o portal uruguaio Ecos relatou que o salário mensal de Sampaoli no Peixe, de US$ 260 mil (quase R$ 970 mil, valor esse não confirmado pelo Santos), é praticamente o triplo a folha de pagamento do time do River Plate, que todo mês paga ao elenco US$ 86 mil (R$ 320 mil).


Apesar de ter dado uma suavizada na eliminação, Sampaoli também tem noção do que representa cair numa primeira fase de Sul-Americana contra um time sem tradição. Ele sabe que o torneio era a oportunidade que a imprensa do continente tinha para acompanhar seu trabalho mais de perto. Não é o Paulistão ou a Copa do Brasil. Não por acaso, os principais veículos sul-americanos, principalmente os argentinos, deram destaque. "River eliminou Sampaoli!", exclamou o diário Olé.


O vexame diante do River uruguaio, no entanto, não tem nada a ver com o status alcançado pelo Santos. Apesar dos riscos que corre, o time continua mostrando um estilo de jogo muito interessante e bem diferente de tudo no futebol brasileiro atual e foi legal ouvir a afirmação de Sampaoli de que seguirá fiel a ele. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E será ótimo se a torcida seguir confiando nesse ideal do treinador.


Vexames acontecem vez ou outra na trajetória de todos os clubes. E o melhor nessas horas é fazer como Carlos Sánchez: admitir o fracasso e se desculpar. Não dá para tratar com naturalidade uma eliminação numa primeira fase diante do River Plate do Uruguai ou uma derrota por 5 a 1 para o Ituano. Porque isso é ignorar a grandeza do Santos.


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