Eliminatórias da Copa do Mundo viram um tormento ao torcedor

Erros e ganância dos dirigentes sul-americanos desgastam competição que terá estreia do Brasil nesta sexta-feira

Por: Bruno Rios  -  09/10/20  -  12:05
  Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

A Seleção Brasileira estreia nesta sexta-feira (9) à noite nas Eliminatórias da Copa do Mundo que mais chamam atenção pelos problemas do que pelos bons jogos que podem oferecer até março de 2022. Pandemia da covid-19, fórmula de disputa, calendário apertado e até direitos de transmissão formam um pacote que afasta o interesse do torcedor e torna a classificação ao Mundial do Catar uma tortura a muita gente.


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Quando entrar em campo, às 21h30, contra a Bolívia, em São Paulo, a Seleção Brasileira será mais uma a sentir os efeitos do novo coronavírus, atuando em uma Neo Química Arena vazia e sem o ambiente costumeiro de uma partida de futebol. Mas, até que saia a vacina contra a covid-19, convenhamos, não há o que fazer e o jeito é se acostumar com o silêncio das arquibancadas.


Só que os outros problemas são fruto de pura incompetência. Em tempos normais, já era difícil defender uma disputa em turno e returno com cinco dos dez países ganhando algo - os quatro primeiros ficam com vagas diretas para a Copa e o quinto vai à repescagem. No atual cenário, então, os 18 jogos por seleção se tornam uma aberração, expondo os atletas a viagens desnecessárias e aumentando o risco de contágio.


No Brasil, a situação fica ainda mais esdrúxula porque a pandemia se tornou muleta para a manutenção das partidas do Campeonato Brasileiro de forma simultânea às Eliminatórias. Aí, se o seu time possui atletas de talento que foram convocados por Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela ou qualquer outra nação, azar o dele.


A bola não para de rolar, os jogos por aqui ficam ainda pobres tecnicamente com os desfalques e o torcedor passa a ter birra das seleções. Ninguém corta jogos de torneios locais sem nexo, a Conmebol não faz sua parte e todos saem perdendo.


E tem mais. Se quem me lê agora é uma pessoa persistente e quer ver os jogos, não tem onde. Uma decisão da Fifa tornou a venda dos direitos de transmissão das Eliminatórias uma bagunça, com cada federação virando dona dos jogos realizados em seu país. Com isso, a negociação se torna descentralizada, os acordos não saem e, a poucas horas do início, só havia a garantia de exibição, no Brasil, das partidas da Seleção em casa e dos dois duelos com a Argentina. O resto? O torcedor que se vire.


Em meio a esse pacote, não é de se estranhar que qualquer deslize da Seleção treinada por Tite vire a gota d'água para o torcedor espumar de raiva e pegar ainda mais ranço não só da CBF, como da equipe pentacampeã do mundo e até de seus principais nomes, como Neymar, Philippe Coutinho, Thiago Silva e outros que nos encantam quando atuam nos gramados europeus e aqui são os primeiros a receberem críticas.


Definitivamente, as Eliminatórias têm histórias e memória afetiva para dar e vender - quem não se lembra do show de Romário contra o Uruguai em 1993, do sufoco para o Brasil garantir a vaga na Copa de 2002 ou da Argentina sofrendo em um dilúvio para derrotar o Peru em 2009? Pena que os dirigentes não consigam tratá-la de forma decente.


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