Neymar forçou a barra, disse que não queria mais jogar no Paris Saint-Germain, fez juras de amor ao Barcelona, quis pagar 20 milhões de euros do próprio bolso para completar a oferta do time espanhol à equipe francesa, mas, goste ou não, vai continuar defendendo o clube de Nasser Ghanim Al-Khelaifi.
É como se o bilionário do Catar enchesse a boca pra falar, na cara do craque brasileiro e de seu pai, empresário e mentor, Neymar da Silva Santos: “Vocês vão ter que me engolir!”, no melhor estilo provocador do Velho Lobo Zagallo.
É, o mundo dá voltas. Anos depois de duas saídas conturbadas, primeiro do Santos e depois do Barcelona, quando fez valer a sua vontade, Neymar leva a maior enquadrada de sua vitoriosa e turbulenta carreira.
Se na Seleção Neymar é tratado de forma diferenciada, pela postura subserviente dos dirigentes da CBF, do técnico Tite e de sua comissão técnica, coube a um homem de negócios de um país asiático, dono de um tradicional, mas mediano time europeu, colocar o jogador em seu devido lugar.
Afinal, Neymar chegou a Paris, dois anos atrás, com o status comparável aos de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Isso sem nunca ter ganhado o prêmio de melhor do mundo ou de ter conquistado um título importante para o Brasil.
Era exatamente para se desvincular da imagem do genial Messi que ele aceitara o desafio (e os milhões de euros) de Al-Khelaifi, ao trocar o Barcelona pelo PSG. Ser o melhor do mundo e levar o clube francês a outro patamar, conquistando a Liga dos Campeões.
Contusões e confusões
Entre contusões e confusões, Neymar foi uma decepção. Machucou-se em momentos decisivos, o que pode ser colocado na conta do acaso. Mas protagonizou vexames, como fazer birra com Cavani e dar um soco na cara de um torcedor. Só para citar dois.
O que sobra em talento a Neymar falta em maturidade. Acostumado a ter os seus desejos atendidos prontamente, entrou em rota de colisão com os dirigentes do clube francês, acreditando que poderia forçar uma saída do PSG.
Mas o dinheiro, que sempre determinou os movimentos de sua carreira, desta vez jogou contra Neymar. Que se realmente considerasse o Barcelona como a sua casa, como disse semanas atrás, não a teria abandonado em 2017.
Deixando-se levar pelo tilintar das cifras e pelo canto da sereia de Al-Khelaifi, Neymar teria que, no mínimo, honrar o seu contrato da melhor forma. Dois anos depois, no entanto, ao virar as costas para quem bancou a maior transação da história do futebol, Neymar desgasta ainda mais a sua já combalida imagem. Dentro e fora de campo.
Nos próximos dias, o já nem tão garoto (mas sempre mimado, que joga muita bola) terá o refúgio ideal para afagar o seu ego e curar as suas dores: vai ser a estrela da Seleção nos amistosos contra Colômbia, nesta sexta (6) e diante do Peru (dia 10), nos Estados Unidos.
Mas, cumpridos os compromissos comerciais, já que esses amistosos nada mais são do que isso, Neymar terá que encarar novamente a realidade, que diz que ele ainda é jogador do PSG. Até quando assim Al-Khelaifi desejar. Resta saber que Neymar surgirá depois dessa novela.