Devemos ter esperança em Rogério Caboclo?

Novo 'velho' presidente da Confederação Brasileira de Futebol fez diversos anúncios, mas sobram dúvidas sobre o que poderá dar certo

Por: Bruno Gutierrez  -  11/04/19  -  20:30
Rogério Caboclo chegou apresentando muitas novidades no comando da CBF
Rogério Caboclo chegou apresentando muitas novidades no comando da CBF   Foto: Laís Torres/CBF

Rogério Caboclo assumiu, de maneira oficial, o comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O novo "velho" presidente (já exercia o comando de maneira extraoficial) fez diversos anúncios em sua posse. Porém, sobram dúvidas se as ações propostas serão efetivas ou mais uma cortina de fumaça para mascarar os problemas que rondam, há décadas, a mãe do futebol brasileiro.


Boas ideias


O primeiro destaque é, em tese, um acerto. Sylvinho como técnico da seleção sub-23. O treinador do selecionado olímpico terá o mesmo padrão de jogo do técnico da seleção principal, Tite. Ou seja, uma adaptação entre os grupos, e até a formação de uma base para a reformulação da Seleção visando a Copa do Catar, podem ser feitas de maneira natural. Diferente do que ocorreu com Rogério Micale, por exemplo.


Juninho Paulista assume a Diretoria de Desenvolvimento do Futebol Brasileiro. Ex-jogador de São Paulo e Flamengo, Juninho demonstrou grande capacidade de gestão à frente de um modesto Ituano, tendo sido campeão paulista em 2014, na final contra o Santos. O Ituano se tornou um clube sólido no estado, apesar de não figurar na elite do futebol brasileiro. Montagem de bons elencos e saúde financeira. Tudo isso em um trabalho sério. Resta saber se Juninho terá a mesma liberdade para trabalhar dentro da CBF.


Em dúvida


Leonardo Gaciba assume a presidência da Comissão de Arbitragem da CBF. A saída de Coronel Marinho é ótima para o futebol brasileiro. Um passo longo para a profissionalização dos árbitros do país. No entanto, só saberemos se Leonardo Gaciba é o nome certo para a vaga na prática. Nem sempre o bom jogador se torna um bom técnico, um bom gestor. Da mesma forma isso se aplica aos árbitros. No entanto, o mineiro teve uma carreira de boa reputação no futebol nacional, o que lhe dá algum crédito.


Construção do Centro de Desenvolvimento do Futebol. Claro que a ideia é excelente. Investir na formação, não só de jogadores, mas de pessoas. Estimular o crescimento de outras modalidades, como o futebol feminino e o beach soccer, dar mais condições para o desenvolvimento de árbitros. Tudo isso, no papel, é maravilhoso. Mas, quando se trata de CBF, gera desconfiança. No livro "Jogo Sujo", de Andrew Jennings, é relatado como a Fifa se utilizou de construções de campos de futebol para o desenvolvimento do esporte em países menos desenvolvidos para desviar dinheiro. Espero que este não seja o caso.


Furada


Conselho de Craques. Em 2015, a Seleção já teve um conselho de excepcionais da bola formado por Zagallo, Parreira, Carlos Alberto Silva, Paulo Roberto Falcão, Sebastião Lazaroni, Candinho e Ernesto Paulo, que foi chamado de Conselho Estratégico. O resultado foi: nenhum. O futebol brasileiro não avançou onde precisava, e a seleção brasileira na segunda Era Dunga foi patética, culminando com uma eliminação para o Peru na Copa América Centenário. Reativar essa ideia, em um lugar que não dá espaço para novas ideias, é jogar para a torcida. Assim como fracassou em 2015, não devemos esperar muito para 2019, apesar de nomes como Cafu, Gilberto Silva,  Ricardo Rocha, Zinho, Parreira (de novo), entre outros.


Futebol feminino. Pretinha e Michael Jackson estão no Conselho de Craques. A representatividade poderia ser muito maior para nivelar um mundo ainda, e infelizmente, dominado por homens. Mas, o problema do futebol feminino vai além disso. Rogério Caboclo não mexerá em um ponto vital: a gerência da categoria. Marco Aurélio Cunha e Vadão são figuras cujos resultados e o trabalho não justificam a permanência. Nove derrotas seguidas, um futebol que oscila demais. A última chance de mudança antes da Copa do Mundo, na França, era já! E ainda assim, seria com atraso. Não aconteceu, e nem acontecerá. O fiasco promete ser grande.


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