Cobrar Jesualdo pode, só não vale pedir a cabeça dele

Treinador precisa de tempo no Santos, mas isso não quer dizer que seja proibido criticar e apontar problemas

Por: Heitor Ornelas  -  29/01/20  -  22:01
Jesualdo Ferreira ainda está em fase de adaptação, mas nem por isso deve ficar imune a críticas
Jesualdo Ferreira ainda está em fase de adaptação, mas nem por isso deve ficar imune a críticas   Foto: Matheus Tagé/A Tribuna

O Santos volta a campo nesta quinta-feira (30), contra a Inter de Limeira, com dois objetivos: vencer e convencer. Até aqui, o time teve mais sorte do que futebol ao empatar com o Red Bull Bragantino e derrotar o Guarani. As atuações foram apagadas, em um claro contraste tanto com as expectativas naturais da torcida, quanto com a sequência do belo trabalho desenvolvido por Jorge Sampaoli.


No olho do furacão, sem esconder a irritação com as comparações e as primeiras cobranças, Jesualdo Ferreira alerta que chegou há menos de um mês à Vila Belmiro e que vai precisar de tempo para colocar em prática as ideias que entende serem as ideais para o Santos. Ele tem toda a razão.


Nem Jesualdo, nem Sampaoli, nem ninguém consegue montar um grande time em menos de um mês, com apenas duas partidas disputadas e em meio a desfalques e pouco tempo para treinar entre uma rodada e outra. Contudo, não é menos verdade que, a partir do momento em que a bola rola, as cobranças aparecem, e muitas delas são legítimas.


Aos 73 anos, com muita quilometragem no futebol, Jesualdo deve estar habituado a cobranças. Até por isso, no fundo deve reconhecer que críticas e questionamentos são válidos, desde que feitos de maneira justa e coerente. O que não se pode fazer no momento é pedir a demissão do treinador ou cravar que ele não serve para o Santos. Aí sim seria um exagero, talvez até uma maldade. E se lembrarmos que ele vem de um centro distante, e que portanto não está familiarizado com a nova realidade, pior ainda.


Por mais que se reconheça a dificuldade do início de temporada – comum a todos os times, inclusive àqueles que não trocaram de técnico –, não dá para assistir a um jogo ruim e “passar o pano”, como se diz agora em tempos de polarização política.


Tampouco é viável pedir ao torcedor que seja compreensivo com o mau futebol. Se for assim, é melhor que ele só comece a frequentar os estádios e acompanhar as partidas lá por abril ou maio, quando os times já estiverem mais calibrados.


De minha parte, continuo acreditando que, embora não tenda a realizar um trabalho vistoso como o de Jorge Sampaoli, Jesualdo Ferreira tem, em tese, mais chances de ganhar um título, especialmente nas competições com mata-matas, nas quais a cautela costuma ser o caminho mais indicado para o título.


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