Clubes são os vilões, não Tite

Enquanto os torcedores lamentam a perda de jogadores para a Seleção, dirigentes comemoram a valorização da "mercadoria"

Por: Heitor Ornelas  -  20/09/19  -  20:41
Atualizado em 20/09/19 - 20:45
Treinador pensou primeiro em Fernandinho, no novo ciclo, mas ameaças o fizeram retorceder
Treinador pensou primeiro em Fernandinho, no novo ciclo, mas ameaças o fizeram retorceder   Foto: Lucas Figueiredo/CBF

As convocações da Seleção Brasileira viraram episódios engraçados. De uns tempos para cá, a discussão entre torcedores e comentaristas é menos sobre quem foi chamado e quem ficou de fora e mais sobre os desfalques que os times sofrerão. E nessas horas, o primeiro a apanhar é Tite, o responsável pela convocação.


Mas pense bem. Tite e quem um dia vier a sucedê-lo, assim como aqueles que o antecederam, está lá para chamar os melhores, não importa se os jogos são contra Alemanha, Peru ou Senegal,  amistosos ou competições oficiais. O problema é administrativo. Sendo assim, por que os dirigentes dos clubes permitem que os jogos da Seleção e de competições como Copa do Brasil, Libertadores e Campeonato Brasileiro ocorram no mesmo período? Simples, porque para eles isso é o de menos. O  importante é que os jogadores defendam a Seleção e, assim, se valorizem para o mercado internacional. Dessa forma, eles conseguem mais dinheiro para gastar mal e, acredite, comprometer cada vez mais seus orçamentos.


O São Paulo é exemplo. O time que mais gasta e mais perde dentro e fora de campo, em função da incapacidade  de seus dirigentes, precisa que Antony, Walce e até Daniel Alves continuem no foco das seleções principal e olímpica. Dessa forma, daqui a pouco aparece um Ajax ou um Shakhtar Donetsk qualquer para levar as revelações por milhões e permitir que o clube contrate um novo Alexandre Pato ou um novo Maicosuel no ano que vem.


E isso não é tudo, A necessidade são-paulina por “valorização” é tamanha que na última convocação a diretoria liberou de bom grado Igor Gomes para ser uma espécie de sparring de Tite. Ele não estava convocado, mas participou dos treinos como se fosse aquele garoto que está sentado à beira do campo e completa o time nos nossos tempos de infância. Parece piada, mas não é.


Cruzeiro, Corinthians, Fluminense, Santos e tantos outros não são muito diferentes do São Paulo. Para continuar arrecadando muito e investindo mal, todos dependem da venda de promessas. Entre os dirigentes, uma mão lava a outra, e as duas fingem trabalhar pela alegria do torcedor.


Enquanto isso, na Europa os campeonatos param quando há jogos de seleções...


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