A CBF não tem capacidade de gerir o futebol brasileiro e conduzir, com segurança, o esporte durante a pandemia de coronavírus. O caso ocorrido na partida (que não ocorreu) entre Goiás e São Paulo é um exemplo claro disso.
Nós vimos os países europeus retomarem o futebol. Mas, além da capacidade maior em gerir uma crise, as federações destes países possuem uma "facilidade": a extensão territorial. O Brasil é continental. Num país onde o governo (em todas as esferas) não consegue controlar a doença, é impossível que haja uma competição de norte a sul sem riscos.
Outro país continental é o Estados Unidos. A NBA eliminou os jogos daquelas equipes que já não tinham chances de classificar, levou os restantes para uma "bolha" em Orlando, na Flórida. Com um alto controle e muita testagem. Nas competições europeias, a tática se repete. A Liga Europa ficou restrita a Alemanha. A Liga dos Campeões, em Portugal. O UFC criou a Ilha da Luta, em Abu Dhabi.
A pressa em retomar o futebol coloca em risco a todos os envolvidos com o esporte no País. Casos como o Goiás não serão raros. O Atlético-GO já perdeu quatro atletas para o duelo contra o Flamengo. O Corinthians não terá Gil e Léo Natel para encarar o Atlético-MG. Ainda temos o risco de outras partidas adiadas, em cima hora, por testagem para Covid-19.
Nas divisões inferiores a situação é pior. O Imperatriz-MA teve seu jogo adiado na Série C após 14 atletas testarem positivo para o vírus. Já no CSA, que voltou a Série B neste ano, foram 18 jogadores.
A CBF fala em novos protocolos. Tudo muito bonito no papel. Mas não adianta em nada a teoria, se a prática é falha. Extremamente falha. O esporte, que já está pobre sem sua torcida, com jogos encavalados e em crise financeira, vai colecionar muitos pontos negativos nesta temporada que, talvez, termine em fevereiro de 2021.