CBF está destruindo a Seleção

Iniciativas da entidade desagradam a todos e aumentam o desgaste do time junto aos torcedores

Por: Heitor Ornelas  -  11/10/19  -  21:07
Tem cabimento tirar os principais jogadores dos campeonatos para escalá-los em amistosos?
Tem cabimento tirar os principais jogadores dos campeonatos para escalá-los em amistosos?   Foto: Lucas Figueiredo/CBF

A Seleção Brasileira virou um estorvo. Um fiasco de público e crítica, quase uma unanimidade negativa. Seja pelo futebol apresentado, seja pelos problemas que as convocações para amistosos  causam, fato é que a CBF está destruindo aquele que deveria ser seu principal patrimônio.


O mau futebol dos comandados de Tite, os afagos a Neymar, os jogos do outro lado do mundo contra adversários inexpressivos... Não é à toa que cresce o número de brasileiros que torcem contra o próprio País na Copa do Mundo, como ficou comprovado na Rússia, no ano passado, quando um movimento considerável nas redes sociais deixava clara a existência dos “dissidentes”. E não adianta dizer que era somente por causa de Neymar, o campeão de rejeição nos dias atuais. O público que antes se limitava a não se identificar mais com a equipe canarinho, hoje quer vê-la pelas costas.


E não é para menos. Tem cabimento tirar os principais jogadores dos campeonatos para escalá-los contra Senegal ou Nigéria? Para piorar, a fonte de desfalques não é somente a seleção principal. Agora, tem a olímpica também a levar jovens imprescindíveis em seus clubes, como Antony no São Paulo e Pedrinho no Corinthians.


A CBF está sob nova direção, ainda que muitos apontem o presidente Rogério Caboclo como uma mera extensão de Marco Polo Del Nero. Ao menos no discurso, ele se mostra aberto a ouvir e a dialogar com os clubes. Mas, na prática, o que se vê é mais do mesmo. Nem a anunciada pausa das competições para os amistosos da Seleção a partir do ano que vem convence, pois o simples deslocamento de volta dos convocados para os clubes deve impedi-los de jogar quando houver rodada no dia seguinte, por exemplo.


A situação da Seleção Brasileira é tão ruim que até Tite está descontente. Na última quarta-feira, ele reclamou da empresa que define adversários e locais de jogos da equipe – sim, a CBF, já há muito tempo, vendeu a terceiros o monopólio da Seleção. Segundo o treinador, mandar o time para Cingapura e proibi-lo de reconhecer o gramado antes do amistoso com Senegal foi falta de respeito com um grupo de nível internacional. Além disso, Tite reconheceu que faz as convocações com pesar, pois sabe que vai atrapalhar o Campeonato Brasileiro e receber muitas críticas.


A continuar nesse ritmo, com essa visão que pune os clubes e principalmente os torcedores em nome de escolhas pífias, a CBF vai transformar a seleção mais vencedora da história em uma lembrança distante.


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