Carille cansou do Corinthians

Contrariado, treinador critica o próprio time, mas esquece que o responsável pelo mau futebol é ele

Por: Heitor Ornelas  -  15/10/19  -  00:57

A sinceridade do técnico Fábio Carille após a derrota do Corinthians para o São Paulo, por 1 a 0, chamou a atenção. Não foi a primeira vez que ele demonstrou insatisfação, mas, ao dizer que “por incrível que pareça estamos em quarto lugar” no Brasileiro e que “não fizemos nem dez bons jogos durante o ano”, o técnico escancara uma verdade que certamente incomoda a todos no clube e sugere que ele desanimou.


Nas semifinais da Sul-Americana, ao lamentar a derrota para o Independiente del Valle, Carille já havia externado seu descontentamento argumentando que  o tropeço se deu em função da pouca experiência de seu time. Só que a média de idade dos equatorianos era bem menor, e Pedrinho e Matheus Vital, os mais jovens do elenco, acabaram indiretamente expostos. E na derrota para o São Paulo, o treinador ainda lamentou não ter conseguido, no início da temporada, o retorno de Rodriguinho, em mais uma atitude que depõe contra o próprio Corinthians e não justifica os últimos tropeços – sem falar que, em dado momento do ano, o técnico deu entrevista afirmando que estava satisfeito com o grupo que tinha em mãos.


O futebol ruim do Corinthians não é novidade. Na verdade, o time joga demasiadamente na defesa há dez anos, e assim viveu a fase mais vencedora de sua história. Não há grande diferença de quando perde ou ganha em matéria de atuação, com honrosos momentos de exceção. A questão é que agora os resultados não estão vindo, por mais que 2019 não seja um ano ruim, com a conquista do Estadual e uma campanha, pelo menos em termos de classificação, boa no Campeonato Brasileiro até aqui.


Carille, em um rompante de lucidez, admitiu que precisa se reciclar e cogitou viajar para a Europa nas férias, com o objetivo de trocar experiências e ver como os principais treinadores trabalham. Antes de começar a arrumar as malas, porém, ele vai ter de se explicar aos jogadores, sob pena de perder de vez o controle do grupo. O apoio da torcida está cada vez menor. Se cair em desgraça com os atletas, aí será o fim.


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