Campeão português após 19 anos, Sporting tem novos desafios

Alviverde de Lisboa voltará à Champions após três anos em busca de consolidação de projeto vencedor

Por: Bruno Rios  -  14/05/21  -  06:51
 Jogadores comemoraram o título no Estádio José Alvalade após vitória por 1 a 0 sobre o Boavista
Jogadores comemoraram o título no Estádio José Alvalade após vitória por 1 a 0 sobre o Boavista   Foto: Divulgação/Sporting

Após 19 anos, Portugal volta a ser verde e branco! Com uma campanha impressionante e sem nenhuma derrota em 32 rodadas, o Sporting conquistou o Campeonato Português na última terça-feira (11), depois de vencer o Boavista por 1 a 0, no Estádio José Alvalade. Foi a deixa para uma festa que Lisboa não via desde 2002 - e preocupou as autoridades locais, por conta das absurdas aglomerações registradas em meio à pandemia.


Contudo, depois de curtir a festa, o clube tem vários desafios pós-título e um chama atenção de cara: manter em pé o trabalho campeão e evitar o desmanche do elenco. Até porque um time grande como o Sporting não pode celebrar títulos a cada duas décadas e a direção precisa ter isso em mente para virar a chave da equipe, que se tornou coadjuvante no futebol português e viu a rivalidade entre Porto e Benfica disparar ano a ano.


Foram anos de contratações que não vingaram, gestões caóticas, destituição de presidente, prejuízos financeiros, invasão de CT com agressão a jogadores, saída de atletas que poderiam conduzir os Leões de Lisboa a outro patamar se permanecessem mais um período e outros episódios vexatórios, numa sequência de trapalhadas digna de fazer inveja a muitos dirigentes brasileiros.


O maior acerto dos cartolas alviverdes foi a contratação do técnico Rúben Amorim para liderar a reestruturação do time. Com um trabalho já destacado neste espaço meses atrás, ele não foi agraciado com contratações milionárias - exceto a dele, que custou 10 milhões de euros (R$ 64 milhões).


Ainda assim, Amorim montou uma equipe espetacular na defesa, sofrendo só 15 gols em 32 rodadas e saindo de campo sem ver sua rede balançada em 20 partidas. O xerife do setor é o zagueiro Coates, que poderia estar tranquilamente em outro centro do futebol europeu, tamanha sua qualidade técnica.


O ataque também chamou atenção, em especial pela aposta ousada em Pedro Gonçalves, de 22 anos, que chegou do Famalicão com custo menor que o do técnico (6,5 milhões de euros, o equivalente a R$ 41,6 milhões), é um dos artilheiros da liga portuguesa até aqui, com 18 gols marcados, e vem chamando a atenção de outros grandes times da Europa, podendo render altas quantias aos portugueses no futuro.


Jornalista é um ser chato e eu reconheço isso, mas não há como pensar que o Sporting deve se contentar com pouco. A torcida, os jogadores e até os cartolas podem e devem extravasar depois de tanto tempo sem conquistar a liga nacional, mas quando acabar a última gota de champanhe, o pensamento deve se voltar à próxima Liga dos Campeões da Europa.


A participação no torneio continental garantirá cerca de 30 milhões de euros (R$ 192 milhões) ao clube, que precisa fazer bom uso do dinheiro. Embolsá-lo sem reforçar o time é uma senha para passar vexame na Champions diante de outros gigantes europeus e gastá-lo sem pudor pode levar o time de volta a um círculo vicioso que o tirou os holofotes por quase duas décadas. Torço para que o Sporting acerte sua rota de vez e nunca mais tenha que ficar tanto tempo longe do primeiro lugar.


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