A Copa América jogou luz sobre um ponto importante, mas que, pelo péssimo hábito de nos acostumarmos com pouco, fica em segundo plano nas discussões sobre futebol: a qualidade dos gramados brasileiros.
“A bola parece um coelho, pula sem parar”, reclamou Lionel Messi. Se para um dos maiores jogadores da história é difícil atuar em campos esburacados, com mais terra do que grama em certos pontos, como ficam os mortais?
O problema se agrava se pensarmos que a crítica foi endereçada ao piso dos principais estádios do País. Afinal, nessa análise não estão inseridos 99,9% dos campos utilizados nas competições nacionais.
A Copa América destacou a mazela, mas basta lembrar dos Estaduais e mesmo do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil para constatar que, por mais limitados que sejam, muitos jogadores têm o potencial abreviado pela infraestrutura precária com que lidam. Pior ainda se pensarmos que as categorias de base atuam em campos ainda mais danificados. Justo no momento mais importante do aprendizado, as promessas enfrentam condições inadequadas.
E não adianta alegar que o campo é ruim para os dois times, como fez o uruguaio Cavani, outro destaque da competição. Nem argumentar que, no passado, Pelé, Garrincha, Zico e tantos outros desfilavam seu talento em condições ainda piores. Se queremos jogos bem jogados, que não se limitem à disputa física e à retranca dos treinadores, precisamos “estender o tapete” para nossos artistas.
Manter gramados em boas condições é caro e dá trabalho. Ainda assim, não dá para ser diferente. Craque nenhum vai mostrar tudo o que sabe com a bola tomando rumo próprio, quicando de buraco em buraco.