Após punir o Santos, STJD privilegia cariocas

Liberação de jogadores para as seleções brasileiras escancara vantagens dos times do Rio nos tribunais

Por: Heitor Ornelas  -  07/09/19  -  01:23

O Santos se recusou a liberar Rodrygo para um torneio amistoso da seleção olímpica e pagou caro, ficando impossibilitado de escalá-lo nem que fosse para um jogo de despedida antes de ele ir para o Real Madrid.


Com os times cariocas, cujo histórico de favorecimento nos bastidores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) é notório, a coisa funciona diferente. Primeiro foi o vascaíno Talles Magno, que, após ter a liberação para a seleção sub-17 negada pelo clube, jogou tranquilamente pelo Campeonato Brasileiro. Agora é  Reinier, que não vai para a seleção sub-17 para defender o Flamengo, embora estivesse convocado.


Assim que Talles Magno foi autorizado a atuar pelo Vasco durante o período em que esteve convocado, o Santos protestou lembrando  de Rodrygo. O STJD se apressou em apresentar justificativas que não convenceram. Da mesma forma que agora, no caso de Reinier. Para começar, a sessão que debateu o caso do flamenguista foi itinerante, realizada em São Paulo, durante evento voltado ao futebol. Em seguida, foram apresentados argumentos que, de tão óbvios, chegam a ser estúpidos, como “sem clubes não existem seleções”.


Ora, é exatamente por depender dos clubes que as seleções não deveriam prejudicá-los. Diante de todas as dificuldades enfrentadas pelas agremiações, não dá para sofrer mais esse prejuízo. Já não basta a seleção principal, que a toda hora desfalca os times em jogos decisivos?


É evidente que as convocações têm o lado positivo. Afinal, dão experiência internacional ao jogador e valorizam o patrimônio do clube. Mas tudo precisa ser feito com muito cuidado. Jogador que já integra o elenco profissional não deveria ser obrigado a defender seleção de base. Se o clube concordar, tudo bem. Entretanto, se precisar dele e não puder liberar, precisa ser respeitado.


Seja como for, o STJD e a CBF precisam tratar os clubes igualmente. Não dá para aceitar que uma mesma questão possa ter duas interpretações. A não ser que o objetivo seja voltar ao passado e relembrar as famigeradas viradas de mesa que já livraram Botafogo e Fluminense, por exemplo, de rebaixamentos.


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