A triste derrocada de um clube gigante da Alemanha

Sem vencer um jogo pela Bundesliga desde 17 de janeiro, Schalke 04 agoniza na elite do futebol alemão

Por: Bruno Rios  -  04/12/20  -  10:26
Nos últimos 24 jogos do Campeonato Alemão, o Schalke empatou nove e perdeu 15
Nos últimos 24 jogos do Campeonato Alemão, o Schalke empatou nove e perdeu 15   Foto: Divulgação

Se você acha que seu time está em crise, olhe para o que acontece na Alemanha e reveja conceitos. Isso porque um dos clubes mais tradicionais do país, o Schalke 04, caminha a passos largos rumo ao fundo do poço. Além de colecionarem números vexatórios em campo, os Azuis Reais vêm sendo dizimados pela cartolagem, no que pode ser considerado um combo do fracasso em estado puro. 


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Orgulho de Gelsenkirchen, o Schalke sempre foi considerado um clube do povo, ligado à mão de obra da mineração. Venceu sete vezes o Campeonato Alemão, mas a última foi em 1958. Desde então, são 62 anos de jejum no torneio. Nesse intervalo, ganhou quatro vezes a Copa da Alemanha e uma vez a antiga Copa da Uefa. Contudo, acabou se apequenando. 


Depois de décadas de campanhas irregulares e flertes com o fracasso (em 2001, houve até perda do título alemão no último lance da última rodada), o Schalke foi ladeira abaixo em 2020 e não ganha um jogo da liga nacional desde 17 de janeiro. Juntando a segunda metade da temporada 2019/2020 e o começo da edição 2020/2021 da Bundesliga, vive uma seca de 25 partidas sem vitória. 


Nesse intervalo, empatou nove vezes e perdeu 16. Demitiu técnico, mas não evoluiu. Trocou atletas, mas o desempenho só piorou. Na rodada retrasada, foi parar na lanterna do Campeonato Alemão, ostentando a marca de ter a pior defesa da elite germânica, com 28 gols sofridos em nove partidas (média superior a três por jogo) e o ataque menos eficiente, com só seis bolas na rede até aqui.  


Na volta do futebol alemão em maio, após dois meses de paralisação, o Schalke levou 4 a 0 do maior rival, o Borussia Dortmund. Três meses depois, na estreia da atual temporada, perdeu por 8 a 0 para o Bayern de Munique. Em seguida, levou 4 a 0 do RB Leipizg. Protagoniza uma triste derrocada que lembra o calvário do Hamburgo, gigante alemão que há três temporadas está na segunda divisão. 


Fora das quatro linhas, parte do fracasso ganha explicação. Em junho, o presidente Clemens Tönnies pediu as contas e largou os Azuis Reais depois de 19 anos no poder. Considerado um empresário de sucesso no ramo alimentício e dono do principal frigorífico da Alemanha, ele viu sua empresa ter um surto de covid-19 que resultou na infecção de mil funcionários, além do fechamento de sua fábrica. 


No clube, Tönnies jogou no lixo o trabalho que teve em boa parte desses 19 anos para transformar financeiramente o Schalke 04. Na década passada, modernizou o clube e ajudou a viabilizar um estádio que levou para Gelsenkirchen a decisão da Liga dos Campeões da Europa de 2004 e cinco jogos da Copa do Mundo de 2006. O time chegou a disputar a semifinal da Champions em 2011. 


Mas as dívidas se acumularam e hoje o clube tem um rombo de 200 milhões de euros. O elenco empobreceu e nem a fanática torcida pode ser considerada uma arma no momento, devido às restrições de público nos estádios. Hoje, o Schalke 04 precisa de um milagre não só para seguir na elite alemã, mas, principalmente, para voltar a ser o orgulho de sua gente.


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