Bastaram duas rodadas do Campeonato Paulista para que as más atuações do Santos, do técnico Jesualdo Ferreira, gerassem um debate ferrenho entre os torcedores alvinegros nas redes sociais e rodas de boteco.
De um lado, os seguidores de Jorge Sampaoli, que criticam (com razão) a falta de intensidade do time. Afinal, a equipe terminou a temporada passada voando, com grandes atuações, fome de gols e massacrando o campeão Flamengo.
De outro, os que defendem (com razão) o pouco tempo de trabalho do português no comando do time. E que lembram das perdas (definitivas) de Gustavo Henrique e Jorge, além das ausências (temporárias) de Lucas Veríssimo, Marinho e Soteldo.
Para que esse embate não se transforme em guerra, é preciso que os santistas (da primeira e da segunda trincheiras) estejam cientes que os estilos de Jorge Sampaoli e Jesualdo Ferreira são distintos.
O argentino prega a marcação sob pressão, a posse de bola a todo custo e a obstinação pelo ataque. Mais comedido, o português quer um time compacto, que jogue cadenciado e vá ao ataque, porém, sem se desguarnecer defensivamente.
Portanto, desnecessário dizer que Jesualdo nunca vai fazer o seu Santos jogar como jogava o Santos de Sampaoli. E inevitável lembrar que, neste aspecto, o presidente José Carlos Peres errou feio ao dizer que trazia o português “para dar continuidade” ao trabalho do argentino.
“Santos à portuguesa”
Sob a ótica lusitana, é prematura e injusta qualquer cobrança após três semanas de trabalho e dois jogos. E compreensível a irritação do português quando questionado, após a vitória sobre o Guarani, na última segunda-feira (27), porque faltava intensidade ao time.
A falta de volúpia da equipe, neste caso, não se resume apenas aos diferentes estilos dos treinadores. O elenco também está, obviamente, readquirindo o preparo físico neste início de temporada. E a ausência de Soteldo deixa o ataque mais previsível.
No frigir dos ovos, o torcedor saudoso de Sampaoli terá que se acostumar com o “Santos à portuguesa”. Assim como Jesualdo terá que saber conviver com a sombra do argentino e com os questionamentos, por vezes pertinentes, dos profissionais que cobrem o clube.
No resumo da ópera, preferências dos torcedores à parte, o que vai definir o futuro do veterano treinador no Santos serão, mais do que o desempenho do time, os resultados em campo.
Sampaoli conseguiu cair nas graças da torcida mesmo sem conquistar um título. Jesualdo, dentro de seu estilo, vai precisar ser campeão.