Que a tragédia no porto de Beirute nos sirva de alerta

Quanto estamos seguros morando tão próximos de uma zona portuária que armazena incontáveis produtos químicos e inflamáveis?

Por: Paulo Corrêa Jr  -  06/08/20  -  11:11
Destruição causada por duas fortes explosões que atingiram a região portuária de Beirute
Destruição causada por duas fortes explosões que atingiram a região portuária de Beirute   Foto: BILAL HUSSEIN/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A enorme explosão ocorrida nesta semana na capital do Líbano trouxe à tona questões que há anos rondam nossa Região: quanto estamos seguros morando tão próximos de uma zona portuária que armazena incontáveis produtos químicos e inflamáveis? Todas as medidas de segurança estão sendo seguidas? São suficientes?


Desde meu primeiro mandato coloco esse assunto em discussão, debatendo e solicitando para  autoridades portuárias e dos governos municipais, estadual e federal, que possamos definir medidas imediatas e a médio e longo prazo que garantam a segurança das populações que residem nas cidades próximas à zona portuária.


Em 2016, no meu primeiro mandato e após dois incêndios de grandes proporções (tanques de combustível  Ultracargo, em abril de 2015 e os tanques de produtos tóxicos, no Guarujá, em janeiro de 2016), ajudei a criar na Assembleia Legislativa a Frente Parlamentar “Plano de Governança, Segurança e Risco dos Portos de Santos e São Sebastião” que analisou a situação pós-tragédia, buscando soluções e formas de fiscalizar empresas e operações nos portos de Santos e São Sebastião. Como resultado, formulei uma Cartilha de Meio Ambiente, lançada com apoio da OAB de Santos e distribuída para a população residente no entorno das instalações de armazenagem e movimentação portuária.


Mas isso é muito pouco diante das questões de segurança que envolvem a imensidão do maior porto da América Latina. É imprescindível que tenhamos esse assunto em pauta diariamente, com atualização permanente das normas de segurança e uma rígida fiscalização para que sejam cumpridas. 


Nosso porto é responsável por um volume de movimentação impressionante, gerando muitos recursos e com um peso significativo no PIB brasileiro. Mas temos algo de muito mais valor que são as pessoas. A vida humana não tem preço e o que aconteceu em Beirute foi um exemplo de que uma falha humana pode causar estragos inimagináveis.


Assumo o compromisso de insistir ainda mais com os responsáveis, para que possamos constatar que todos os procedimentos existentes sejam eficientes e que estejam sendo cumpridos, criando novas ferramentas de medição, discutindo intensamente novos procedimentos que garantam a segurança de todos. Prevenir sempre é o melhor caminho.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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