Multas de trânsito: Qual o destino dessa arrecadação?

Com novas penalizações inseridas nas leis de trânsito, aumento significativo do número de carros e utilização de tecnologias mais eficientes, quantidade de multas cresceu muito

Por: Paulo Corrêa Jr  -  16/01/20  -  09:00
As infrações por celular, o mal do momento no trânsito, tiveram queda nos números, de 13,1%
As infrações por celular, o mal do momento no trânsito, tiveram queda nos números, de 13,1%   Foto: Luigi Bongiovanni/ Arquivo/ AT

Nas últimas décadas, com as novas penalizações inseridas nas leis de trânsito, o aumento significativo do número circulante de carros e a utilização de tecnologias cada vez mais precisas e eficientes, a quantidade de multas – e consequentemente os valores arrecadados – cresceu muito.


Por lei, esses valores devem ter 95% do total arrecadado investidos em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito.


Aqui na Baixada Santista, quase 60% das infrações são feitas por radares, com destaque para uso de celular e ultrapassagem do limite permitido de velocidade. Quase 80% dos recursos são negados.


É óbvio que só com muita fiscalização e cumprimento das regras teremos uma sociedade em harmonia. Tive a graça de morar anos fora do país e sei bem quais os benefícios do cumprimento das leis de trânsito para todos. Do motorista ao pedestre.


Dando meu testemunho sobre o quão são importantes as leis de trânsito, e obviamente sem qualquer intenção de fazer apologia ao não cumprimento das leis, sempre discordei de alguns pontos de limites de velocidade e locais onde são colocados os radares. Alguns casos sempre me pareceram algo como “pegadinha”.


Então, esta semana, a Rádio Bandeirantes de São Paulo divulgou uma matéria muito interessante sobre o assunto. Sem que soubesse que estava sendo gravado, um diretor de uma empresa que administra os radares em diversas cidades do interior, algumas bem grandes, fala abertamente sobre as estratégias para desenvolver ações e armadilhas para que o número de multas aumente significativamente.


Expressa, sem qualquer pudor, que isso é uma atitude pensada para engordar os cofres públicos. Questionado sobre como sua empresa pode ser contratada, o diretor enche a boca para dizer que “tem um esquema com empresas parceiras que permite que eles sempre vençam as concorrências”.


A verdade é que há tempos e em todas as cidades, o valor arrecadado pelas multas já foi incorporado no orçamento das empresas que gerenciam o trânsito municipal. Sem esse dinheiro, não tem como funcionar a gestão de tráfego.


Fica então a dúvida se existe mesmo o interesse em educar o motorista, eliminar as infrações, deixar de arrecadar milhões. Que essa reportagem sirva ao menos para que assunto seja melhor investigado em todas as cidades do Brasil.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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